Estudante negro da USP (Universidade De São Paulo) é agredido por sargento da PM
* De Matheus Pichonelli, colunista da Revista Carta Capital.
Parecia piada pronta. Estudante, negro, espancado por um policial militar dentro da USP? Tudo isso em vídeo?
Ou é piada ou é boato.
Nem o mais troglodita dos carrascos seria capaz de assinar o recibo desta maneira.
Policial pode até ser rígido, mas não é burro.
Assista ao vídeo de menos de dois minutos e faça a seguinte discussão: a polícia paulista (e a do Maranhão?!) sabe lidar com seres humanos?
No vídeo, um sargento, identificado como André Ferreira, avisa, educadamente, que o prédio sem uso há anos, ocupado pelos estudantes, precisa ser liberado. Os estudantes se negam a deixar o prédio. E questionam os motivos da ação (ao que parece, não está proibido ainda, num espaço estudantil, questionar determinada situação, ainda que o interlocutor seja um policial, um padre ou um professor).
A conversa é tensa, mas tudo parece estar sob controle. “Não gosto de você, e você não gosta de mim”, parecem dizer as partes envolvidas. Ao que consta também, num ambiente universitário, ninguém é obrigado a gostar de ninguém.
Até que um negro, o estudante de Ciências da Natureza Nicolas Barreto, entrou na conversa, da qual não foi chamado – como não foi chamado para aquela universidade, se dependesse de quem a financia.
E se tornou, naquele instante, a expressão mais exata da violência e do preconceito que a inteligência brasileira supunha enterrados.
O peso da mão policial é exatamente o peso de anos, séculos de rejeição ao acesso de determinados grupos a antigos círculos restritos (como a universidade).
“Não pode ser aluno. Se for, é baderneiro. Se apanhou, é bem feito”.
A reação policial, nesse contexto, é quase profilática.
Porque o sargento escalado para agir naquele espaço é o Estado presente, o detentor do monopólio da violência autorizado a agir com os estudantes exatamente como age com o cidadão comum. E hoje a polícia militar, acusada tantas vezes de truculência, mostrou às câmeras o que sabe fazer de melhor, o que faz há anos nas casas, nas favelas, nas ruas – com ou sem mandado, com ou sem força excessiva.
A novidade foi um vídeo. Um vídeo mostrando que o baderneiro, na verdade, vestia farda, e não chilenos. E perdia a razão, agindo como marginal. Mudou de lado?
Horas depois, foi anunciado o afastamento do meliante (ops, policial), junto com um comparsa (ops, colega). Mas a questão está em aberto. Só mudou de patamar. Vale insistir: A PM paulista sabe lidar com seres humanos?
Parte das respostas pode estar incrustrada sob o velho argumento de que foi só um caso isolado.
Não foi. A agressão ao estudante da USP, assim como as agressões diárias sofridas por quem não tem sequer carteira de estudante para se defender de bordoadas, é a crônica de uma guerra anunciada. A fórmula? Basta colocar policiais armados querendo mostrar serviço numa área pacificada.
O sargento Ferreira tinha autorização para cumprir sua função. É em agentes públicos como ele (o mesmo sargento que estranha ao ver um negro se apresentar como estudante) que o governo paulista dá a incumbência de levar segurança e civilidade para as ruas e, agora, para o campus. Ele era o braço autorizado do Estado para atuar naquele instante. Para isso foi treinado e orientado. E se tem algo que militar sabe fazer melhor que qualquer outro profissional é cumprir ordem e obedecer.
O que só leva a uma conclusão: a manifestação de truculência e covardia captada pela câmera não é um caso isolado. É um direito outorgado ao sargento Ferreira ao longo dos 181 anos de uma corporação que hoje envergonha seu próprio estado.
* Artigo originalmente publicado no site da Revista Carta Capital (clique aqui para ler) e citações ao Maranhão foram acrescidas pelo Correio Buritiense
Muitos comentaristas anti-neném usam esse quadro deste blog pra demonstrar desespero. É só o prefeito apresentar um projeto, como vários que foi apresentado vocês dão diarreia. Tomara que o projeto das casas assim como das bicicletas entre outros seja feito o mais rápido pra ver nego morrer do coração aqui em Buriti.
ResponderExcluirAo mediocre anonymos o que ele faz por nós infelizmente tu não pode fazer..............
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