Prefeitos
são responsáveis pela gestão dos serviços públicos do município, como educação,
saúde, transporte e limpeza.
Mesmo após diplomação de prefeitos em todo Maranhão, o papel
dos destes gestores ainda é motivo de dúvida entre eleitores. Representante
máximo do Poder Executivo municipal, é o prefeito quem comanda a administração
da cidade, sendo responsável pela gestão dos serviços públicos do município
como educação, saúde, transporte e limpeza pública, entre outros.
Como boa parte dessas políticas é executada em parceria com
os governos estadual e federal, é comum haver dúvida sobre a extensão das
responsabilidades municipais, especialmente em áreas como saúde, educação,
assistência social, saneamento. Também entram nessa lista temas como mobilidade
urbana e segurança pública, que cada vez mais vêm tendo destaque nas campanhas
eleitorais dos municípios.
Em geral, a ajuda dos governos estadual e federal se dá por
meio de repasses de verbas, convênios e auxílios de toda natureza para a
realização de obras e a implantação de programas sociais. Às prefeituras cabe
essencialmente cuidar de programas de assistência social, da limpeza das ruas,
coleta de lixo, do transporte público, assim como debater e definir, em
conjunto com a Câmara de Vereadores, o zoneamento urbano da cidade.
Eventualmente, a depender do interesse, os municípios podem assumir os serviços
de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto.
EDUCAÇÃO E SAÚDE
No caso da educação, a responsabilidade dos municípios se dá
na garantia da educação infantil e do ensino fundamental. Na saúde, compete aos
municípios garantir os serviços de atenção básica. As prefeituras também criam
políticas de saúde e colaboram com a adoção das políticas nacionais e
estaduais, aplicando recursos próprios (mínimo de 15% de sua receita) e os
repassados pela União e pelo estado.
Para o cientista político e professor da Universidade de
Brasília (UnB) Flávio Britto, em políticas nas áreas de saúde e educação, a
população está mais consciente do papel desempenhado pelos municípios. “Acredito que nessas políticas a população
já está mais ciente de quem deve cobrar, mas, em outros casos, pode haver
confusão com relação ao papel do prefeito, a exemplo da questão da segurança
pública”, disse à Agência Brasil.
SEGURANÇA
O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutor em
direito público e direitos humanos pela University College London (UCL) Michael
Mohallem considera que temas como mobilidade urbana e segurança pública
passaram a ter mais atenção por parte do eleitorado, que reivindica às
autoridades soluções para os problemas, mesmo que a responsabilidade, no caso
da segurança pública não seja das prefeituras.
Segundo Mohallem, essa confusão mostra a preocupação da
população com temas que dizem respeito ao dia a dia e que acabam “respingando”
na campanha. “Em alguns lugares, esse debate tem surgido entre os candidatos a
prefeito e tem gerado alguma confusão, especialmente no que diz respeito à
segurança pública. Isso acaba colocando em segundo plano o debate sobre algumas
competências essenciais do município, como a coleta de lixo e a questão do
transporte público”.
O professor lembra que a responsabilidade sobre a segurança
pública é dos estados e que, no caso dos municípios, as guardas municipais têm
muito mais o papel de proteger o patrimônio público do que tratar da segurança
pública. “O governador do estado é quem
comanda tanto a Polícia Civil quanto a Militar e são elas que têm o papel de
investigação, de prender bandidos. No caso municipal, o que a gente tem são as
guardas civis metropolitanas, com papel muito mais patrimonial do que
repressivo” afirma.
De acordo com Mohallem, apesar de o tema ter entrado na
agenda política das eleições municipais, a maioria das propostas ainda é superficial.
“A maior parte das propostas gira em
torno de se criar sinergias, como um bom diálogo com o governo estadual, uma
forma de atuação conjunta da Polícia Militar com a Guarda Civil Metropolitana,
de modo que a Guarda Civil possa fazer a proteção de alguns ambientes, de
alguns espaços públicos e possa afastar a criminalidade”, disse.
Na opinião do professor da FGV, a atuação conjunta da
prefeitura e do governo do estado pode possibilitar que mais áreas da cidade
sejam cobertas por algum tipo de segurança. Para ele, tanto prefeitos quanto
vereadores têm papel fundamental no debate sobre segurança pública. “Essa é uma das áreas em que a população
mais espera resposta e, como é uma área que não está sob responsabilidade
direta do prefeito, a situação é delicada no sentido de se tentar uma resposta
que não seja simplesmente uma negativa.”
De acordo com Mohallem, prefeitos e vereadores podem entrar
no debate de temas como a desmilitarização da Polícia Militar ou da
redistribuição das competências constitucionais da União, de estados e
municípios. “É competência do deputado
federal e do senador alterar a Constituição e as leis federais, mas o prefeito
pode atuar como um agente na discussão desses temas”, disse. “Infelizmente não se vê isso com muita
frequência nas propostas. Em geral, fica mais no âmbito de promessas como 'vou
colocar a Guarda Civil na rua', 'vou atuar com o governador'”, afirmou.
A professora de direito da FGV no Rio de Janeiro Silvana
Batini disse à Agência Brasil que é comum encontrar esse tipo de
confusão em época de eleições. Doutora em direito público e especialista em
direito eleitoral, Silvana afirma que apesar da confusão de papéis, é
importante que o debate apareça nas eleições. “Até para que o eleitorado saiba o alcance das propostas dos
candidatos”, destaca.
Para Silvana, apesar de os municípios terem limitações
constitucionais no que diz respeito à segurança pública, é falso dizer que eles
não podem desempenhar um papel importante nessa área, especialmente com
políticas de prevenção. “Não precisa nem
falar somente de Guarda Municipal, que também faz parte desse complexo de
medidas, mas de outros aspectos como iluminação pública, ocupação do espaço
público, melhoria da mobilidade urbana, políticas de acesso à cultura e ao
lazer. São medidas que podem contribuir para essa pauta ampla e complexa de
segurança pública”.
PREVENÇÃO
De acordo com a professora, políticas de prevenção também
ajudam a construir uma cidade mais segura. Ela cita como exemplos projetos
voltados para a ocupação de espaços nas cidades, como praças e passeios
públicos, ente outros. “Essa ocupação
interessa à cidade. Não adianta você fazer uma política para reduzir a
violência e criminalidade de uma determinada área se a prefeitura não vier com
a sua máquina, com as suas competências para ocupar essa área e trazer
melhorias à população. Isso também diz respeito à segurança pública. É
importante o eleitor saber qual o papel do prefeito. Mas é importante também
que esse debate [sobre a segurança] seja trazido para as eleições municipais”,
acrescenta.
(Da Agência Brasil)
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