Coluna SEXTA DE NARRATIVAS - O ÚLTIMO ABRAÇO DA MINHA MÃE

 

Era o ano de 1963, igual a todos os Anos Novos, permeado de Alegrias, de agradecimentos ao Senhor DEUS dos Cristãos, de ESPERANÇAS de um porvir de Lutas e de CONQUISTAS. Eu estava muito otimista, considerando que havia conseguido o meu primeiro Diploma de Formatura, Doutor do CURSO PRIMÁRIO, com uma excelente aprovação que me garantira o Primeiro Lugar nas cinco séries, e confirmada a excelência do ensino da época, com a minha classificação no temido Exame de Admissão da Escola Técnica Federal do Maranhão, em Décimo Lugar, com direito ao Internato na própria Instituição, tão sonhado, desejado pelos estudantes do interior e por seus Pais, principalmente os pobres. A notícia da minha Classificação foi publicada através do Correio da Amizade nos quadrantes da minha Buriti querida. No meu Amado Povoado Laranjeiras soou como um canto divinal, na minha casa, no seio da minha família e entre os meus  Caboclos, Caboclas, meus iguais e amigos diletos. A minha Mãe Laudelina Pessoa Passos, desde a conquista do CURSO Primário criou o hábito de nos estimular, eu e o meu irmão Wilson, nos chamando de Doutores. Ele também, no ano anterior havia sido aprovado para ingresso na saudosa Escola Técnica. Exultantes de Alegria, a minha Mãe e o meu Pai, começaram a providenciar o meu Enxoval, com todas as peças em pares, no mínimo, exigência da Escola. Chegou o último dia das férias, tudo pronto, enxoval providenciado, duzentos cruzeiros ou duzentos contos no bolso, mala fechada para a viagem e as últimas recomendações de Papai e de Mamãe, dentre elas a de dormirmos mais cedo, para acordarmos às duas horas matinais e iniciarmos a nossa viagem em lombos de um cavalo, eu e Wilson, e em um burro e um jumento, para o nosso acompanhante e amigo Luís Macenas e as bagagens, para Chapadinha, onde iríamos luxar, viajando num Caminhão carregado de sacos de babaçu para São Luís, cuja viagem, com muita sorte seria em torno de doze horas.

Naquela noite, logo depois de nos deitar, começou a chover muito forte e elevou a água do velho Rio Preto. Na hora aprazada o meu Papai nos acordou e Mamãe já havia preparado o nosso Café bem reforçado, o Frito da viagem, uma Galinha caipira à moda Laranjeiras. Era chegada a hora dos abraços de até julho. Minha Mãe nos abraçou chorando convulsivamente, como nunca acontecera antes, dizendo “vão com Deus e a Virgem Maria, meus doutores queridos!”.

Sem entender a razão daquelas lágrimas tão docemente tristes, nos despedimos dela e acompanhados por Papai começamos a viagem. Ao chegarmos à beira do Rio Preto, o primeiro obstáculo da viagem, ele estava cheio transbordando pelas margens. Papai e o amigo Luís Macenas, transportaram nos ombros, as bagagens, as celas e a cangalha, depois puxaram os animais que os acompanharam a nado, um espetáculo, que por um instante me fizeram esquecer das lágrimas da minha Mãe. Logo em seguida meu Papai me pôs no ombro, o amigo Luís Macenas tomou a mesma atitude com o Wilson e atravessamos o Rio.

Seguimos finalmente a caminhada até Chapadinha onde chegamos às quatro horas da tarde, e graças a DEUS, conseguimos vaga no Caminhão carregado de babaçu, do Senhor Nêgo Carreto, como já previsto, uma BENÇÃO.

Em São Luís, tudo transcorria em plena normalidade. Na Escola Técnica eu estava acima das minhas próprias expectativas em termos das minhas atividades estudantis. Já integrava a Banda Marcial da Escola, uma grande referência, de cuja Banda um ano depois o meu irmão Wilson se tornou o Corneteiro-Mor, um orgulho. Na última semana do mês de abril daquele ano, a professora de Português Maria Alice, promoveu um Concurso de Redação em todas as suas turmas, cujo tema era Homenagem às Mães. Lembrei-me das Lágrimas da minha Mãe na nossa despedida e, pensando em substituí-las por Alegria, busquei nelas a minha inspiração. Venci o certame, com direito a publicação do Trabalho no Quadro Mural Geral da Escola. Recebi um CARTÃO especial dedicado a minha Mãe, cuja premiação emocionou-me como jamais imaginei emocionar-me, porque era muita coincidência acontecer aquela VITÓRIA exatamente às vésperas do Dia das Mães e o meu desejo sincero de levar o Acalanto para a minha Mãe e fazê-la Sorrir depois daquele pranto tão dolorido. Agradeci a Deus e à Virgem Maria, tão fervorosamente amados por ela. Em seguida preparei uma Surpresa para a Senhora LAUDELINA, a minha Lutadora, a mulher que amou o meu Pai, os seus filhos e filhas com um AMOR VERDADEIRAMENTE DIVINAL, sem limites. Pus o Cartão prêmio em um envelope, dirigindo-me em seguida à agência Central do DCT, Departamento de Correios e Telégrafos de então, na Praça João Lisboa em São Luís, registrei a correspondência para a cidade de Buriti de Inácia Vaz, postagem endereçada a ela, na certeza de que chegaria antes do segundo domingo de maio.

Três dias após, recebemos a trágica e dolorosa notícia via telegrama de Papai, a correspondência mais rápida naquele tempo, nos seguintes termos: Laudelina me deixou hoje aos cinquenta anos, entregando-me a sua aliança.

Desesperado.

Desde aquele dia, a Festa dedicada às Mães, tornou-se, no meu caminhar, um misto de Alegria, com nuvens carregadas de tristeza, de lembranças maravilhosas da minha Mãe viva, que retornam nas ASAS da SAUDADE

Conforta-me saber que ela está onde sempre mereceu, no Jardim Celestial, junta aos JUSTOS.

Continuarei amando-a e reverenciando-a até o meu último dia nesta NAVE chamada Tempo, minha Mãe Laudelina!

SOBRE O AUTOR

É buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti. 

Comentários

  1. Uma história triste, mas também belíssima de uma mãe lutadora e de um filho que soube corresponder o esforço dos pais. Parabéns, meu amigo Djalma.

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  2. nessa nova administraçao ta tudo pagunçado no memento parece que tem 10 prefeito todo querem dar ordens dando contrato para o povo ja estar na hora do prefeito arnaldo cardoso bater na mesa e dizer o prefeito dessa porroa aqui sou eu a açinatura final e a minha botar ordem na casa que esta bagunçada ja começou errado nao era pra ter ja este montes de contratados pois pra isso tem que passar primeiro pela camara de veriadores pra poder contratar pelo o que vejo essa acessoria do prefeito e fraca sera que ainda nao orientor ele com esses erros pode provocar uma possivel cassaçao e ai que assume genilson gouveia cobra criada se ligue se nao o bicho lhe come.

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  3. anônimo preste atenção ao digitar para mandar publicar, está cara que você é analfabeto peça para alguém digitar para você, primeiro você digita PAGUNÇADO com "P" tudo bem em uma outra frase você digitou certo, agora digitar AÇINATURA com "Ç" é o cûmulo da burrice.

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  4. equipe da secretaria de educação ñ admitem que professora jaelsa tem mais carisma ,é é educada mais do que aquelas desqualificada

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