APA DOS MORROS
GARAPENSES
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FOTO: Morros Garapenses, em Duque Bacelar - REPRODUÇÃO/Folha do Garapa. |
*Por Lázaro Albuquerque Matos
APA é a sigla de
Área de Proteção Ambiental. Duque Bacelar tem áreas protegidas por uma APA: a
DOS MORROS GARAPENSES. Ela foi constituída pelo Decreto Estadual de nº 25.087,
de 31 de dezembro de 2008, do Governo Jackson Lago.
Essa APA não é uma
exclusividade de proteção ambiental somente para Duque Bacelar. Nela, há áreas
protegidas nos Municípios de Buriti, Coelho Neto e Afonso Cunha, pois, assim
prega o decreto que lhe deu finalidade, com sua criação. A finalidade dada a
essa APA pelo decreto do governo do estadual é proteger morros, várzeas, lagos,
riachos e as margens do Rio Parnaíba, dentro de sua abrangência, nos municípios
que a integram.
Mas vejo na APA DOS
MORROS GARAPENSES predominância do sentimento de bacelaridade contido nela.
Esse sentimento vai muito além do sentimentalismo pátrio que os moradores dos
outros municípios da APA possam ter. Nela temos, para justificar a
predominância de nosso sentimento, os morros que lhe dão nome e o Francisco
Carlos, o baluarte que sustenta a criação da APA. Sem o Francisco Carlos,
talvez não existisse APA DOS MORROS GARAPENSES em lugar nenhum.
Dos morros que dão
nome à APA, e que por ela são protegidos, três fazem o contorno montanhoso da
cidade de Duque Bacelar. De meu conhecimento de infância, tenho-os como sendo o
Morro do Limoeiro, o Morro do Chapéu e o Morro da Arapuá. Não sei se eles estão
na APA com esses nomes, mas era por esses morros, com esses nomes, quando
criança, que eu trilhava, fazendo-lhes batidas nas picadas por onde eu andava.
O Morro do Limoeiro
é o que fica do lado da Igreja de São José, e tem esse nome dado pela lenda que
dizia existir nele um pé de limão encantado: era visto num dia; no outro, não.
O Morro do Chapéu está localizado no mesmo lado do Limoeiro e é separado dele
pela estrada que vai para a balsa, no Rio Parnaíba. O nome dele vem do seu
formato de chapéu, visto por trás do Bradesco. Já o Morro da Arapuá está
localizado no outro lado da cidade, cujo nome vem da quantidade de exames da
abelha dessa espécie que faziam casas nas árvores do morro.
A nomenclatura dos
Morros Garapenses não vem ao caso, mas, sim, a proteção que o Francisco Carlos
dá a eles por meio da APA. Graças ao trabalho de proteção do Francisco Carlos,
por meio de sua abnegada dedicação ambientalista, ainda podemos ver, na
primavera, os paus d’arcos floridos enfeitando os morros da APA, dando forma de
um boqueirão verde à nossa cidade.
Vou até tirar o
chapéu do morro que leva esse nome para colocá-lo no Francisco Carlos, pela
defesa que ele faz dos três morros de sua APA, brigando como os moradores da
periferia desses morros para que não desmatem suas quebradas. Manoel Palhares
que o diga.
Na defesa e
proteção do Morro do Limoeiro, o Francisco Carlos fica mais azedo do que a água
do limão do pé encantado. Ele briga por esse morro com os moradores do Alto dos
Mandis, impedindo-os de fazerem roças e caieiras na “centada” do morro, para
que ela não seja desmatada.
Defendendo o Morro
da Arapuá, o Francisco Carlos já brigou com o prefeito e o vice de Duque
Bacelar. Imobilizou-se no chão, enrolado em uma corda, que nem cobra-de-cipó
enrolada em um, em pleno sol do meio-dia, até desmaiar. Sem
medo de ser ferroado pelas abelhas que dão nome ao morro, Francisco lutava para
que ruas não fossem abertas e casas não fossem construídas no pé de serra onde
começa o morro, impedindo, assim, a derrubada de pés de mororó,
capitão-do-campo, unha-de-gato, catinca-branca, remela-de-macaco,
espinho-branco e outras árvores da região.
Mesmo que as
abelhas-arapuá rodeassem o Francisco Carlos, curiosas com a cena exposta por
ele, elas jamais o atacariam, pois elas não têm ferrão, e, se tivessem,
poupariam o Francisco de picadas. É que elas também – se ainda é que existam
por lá – se beneficiariam com sacrifício autoimposto pelo zeloso e dedicado
ambientalista bacelarense.
* Lázaro Albuquerque Matos:
bacelarense que adoro escrever crônicas e
faz com frequência aos domingos em sua linha do tempo do facebook.
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