Desde
1º de janeiro, hospital de referência, que atende pelo SUS, não recebe
maranhenses. Número chega a 15% do total de pacientes em tratamento.
eresina alega que tem uma dívida a receber do governo maranhense de R$ 8
milhões.
Dona Corina ficou sabendo que
tem câncer de mama há 3 meses. Na cidade onde mora, Caxias, no Maranhão, ela não tem
como se tratar. O hospital especializado mais próximo fica em Teresina, no
Piauí, a 70 quilômetros de distância. Mas no local ela recebeu a notícia de que
não será atendida.
“Eu esperava chegar aqui e
ser atendida, bem atendida”, diz a paciente idosa.
A opção no próprio estado, na
capital São Luís,
é distante. Fica a 370 quilômetros da casa dela e, segundo a família, não há
garantia de atendimento.
"Hospital tudo lotado,
não tem vaga, não tem leito, então fica impossibilitado de a gente ir nessa
viagem para São Luís", diz Clemilton de França, neto da aposentada.
Desde o dia 1º de janeiro, o
hospital de referência no tratamento de câncer no Piauí, que atende pelo SUS,
não recebe mais pacientes do Maranhão. De um total de 3.500 pessoas em
tratamento, 500 são do estado vizinho, quase 15%.
A medida atinge novos
pacientes como a Dona Corina. Um acordo entre o governo do Maranhão e a
prefeitura de Teresina,
feito em 2010, prevê um repasse de R$ 300 mil por mês para garantir a
assistência médica a pacientes com câncer de 39 municípios maranhenses. Segundo
a Secretaria de Saúde de Teresina, o valor não vem sendo pago. O débito
acumulado já passa de R$ 8 milhões, o que acarretou a suspensão do atendimento.
"Nós já fizemos duas tentativas no Ministério da
Saúde para repactuarmos e o estado do Maranhão não quer reconhecer esta dívida”, justifica o secretário de Saúde de Teresina, Noé
Fortes.
“Teremos que devolvê-los ao Maranhão para que eles deem
encaminhamento ou para São Luís ou para Imperatriz. Eles têm dois hospitais
para tratamento de câncer e nós só temos um"
"Os municípios são cobrados para pagar, os municípios
só aceitam que façam a compensação daqueles pacientes que eles encaminharam”, rebate o secretário de Saúde do Maranhão,
Ricardo Murad.
Um grupo de 25 pacientes, que
teve o atendimento negado neste início de ano, fez na quinta-feira (9) um
protesto em frente à Defensoria Pública da União, em Teresina. Eles mostravam
guias de encaminhamento do governo do Maranhão. Alguns com a saúde já bem
debilitada, como o irmão de Neuzelina da Silva.
"Isso é falta de humanidade e de responsabilidade
para com a saúde pública de ambos os estados", diz Dona Neuzelina, indignada.
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