Coluna SEXTA DE NARRATIVAS - OS MÚSICOS DAS FESTAS BURITIENSES


Na Aurora da minha VIDA, o meu TORRÃO SAGRADO ou minha Buriti querida, não existiam as Bandas que hoje enchem de zoeira o local das festas, as ruas, a cidade inteira e, ainda assim, encantam e agradam a maioria das pessoas jovens, com um espetáculo normalmente mais voltado à excitação sexual, do que para a beleza da dança do corpo, visando o enlevo da alma, da mente e dos corações dos amantes, das amantes e amados amantes.

No passado, o Cine Teatro Municipal da nossa cidade e o salão da Prefeitura Municipal de então, eram os centros principais das suas festas mais famosas!

Existia uma Banda de Música Buritiense formada por músicos buritienses e por outros emprestados pelas Bandas de Coelho Neto, de Brejo, de Barras do Marataoã e de Porto dos Marruás do estado do Piauí, que era a maior atração musical da cidade, principalmente no período do Festejo de Santana, cujo palco era o velho e SAUDOSO Coreto na Praça Felinto Faria, em frente da Igreja Matriz, nas alvoradas matinais, do entardecer, exatamente às seis, às dezoito horas e à noite, antes e depois das missas.

 Os nossos músicos componentes da nossa Banda, que chamávamos de “Uma Banda da BANDA” eram seu Gonzaga, um Pistonista, seu Raimundo Florinda (Raimundo Fulurinda) um Clarinetista, o seu Paulino na marcação com os PRATOS (PAI das amigas Orminda e Maria Paulino) além de mais uns três de povoados buritienses e do meu Amigo ZEFULÔ de assistente de maestro.

Os Conjuntos musicais genuinamente buritienses eram os dos meus queridos amigos ZUZINHA, saxofonista, com seus irmãos CHICHICO, acordeonista, DELEGADO, baterista e o do FAQUINHA, saxofonista, o seu parceiro OTÁVIO, acordeonista e um baterista, o amigo Janjão. Havia outros conjuntos famosos na região do Parnaíba, como o do ZECA MAIA e o do CUIDADO, acordeonistas, chamados de Grandes Sanfoneiros, e eram mesmo. Faziam de seus acordeons ou sanfonas, verdadeiras orquestras, tal a habilidade que possuíam! Os meus conjuntos preferidos, todavia, eram mesmo os do ZUZINHA e o do FAQUINHA, por duas razões principais: a primeira, porque eles eram FANTÁSTICOS, tinham um roteiro musical EXCELENTE para todas as idades e a segunda porque quando tocavam exclusivamente para NÓS, os Garotos e Garotas, pagos pela Prefeitura, nas comemorações escolares, normalmente com prazos limitados, negociavam conosco uma hora a mais do contrato oficial a um preço módico, isto é, de acordo com a nossa arrecadação entre Homens e Mulheres (média de idade entre 10 e 12 anos) uma MARAVILHA!

E os MENINOS e as MENINAS cumpriam a sua parte!

As nossas festas, também se realizavam, no salão coberto do Grupo Escolar Antonio Faria, o primeiro grande e único Colégio da rede pública estadual da cidade na época, e ainda hoje, com o nome de Maria Luiza Novais, uma senhora que sequer sabia o rumo da cidade de Buriti de Inácia Vaz, obra de um Prefeito também não buritiense que poluiu o Riacho do Tubi, outra Fonte de Água Pura, hoje Agonizante.

 As nossas festas de Crianças eram regadas a guaraná champanhe, nas garrafinhas de vidro armazenadas numa caixa de madeira fina e protegidas por sarrafos, servido quente mesmo, um verdadeiro luxo, e de muita ALEGRIA! O essencial eram os sonhos, os namoros, a dança maravilhosa de homens com mulheres, ainda que crianças.

Depois de afinados os instrumentos, o saque do Zuzinha começava a tradicional e eterna “Boemia, pra mim terminou, ô, ô, ô, ô, ô, já está novamente ao meu lado, aquela, que me abandonou”!  A letra saía na voz de Chichico e Delegado. Ou então, “Quem és tu, para querer manchar meu nome, quem és tu, se fui eu, quem matou tua fome”, pelo sax do Faquinha, com a letra pela voz do Otávio. Era um sonho lindo, numa época, que apesar do atraso, tudo era saudável em todos os sentidos, pois aquelas festas maravilhosas, transcorriam num clima de paz e realmente de muito amor! Nunca se registrou que eu tenha gravado na minha razoável memória, um incidente desagradável, excetuando-se algum dissabor relacionado aos CONTRAS entre namorados ou desencantos, quando um dos parceiros ou pretendentes ao namoro era rejeitado pelo outro ou pretendido, problemas, que sempre culparam a pressa do Coração cheio de razões que a própria Razão desconhece!

Tudo, no entanto, não gerava violência, já que esta não fazia parte da vida da nossa terrinha.

A única violência da qual tive notícia, naquela época, foi praticada pelo nosso querido OTÁVIO, nosso acordeonista. Ele, além de bom músico, era um bom copo, um grogueiro de primeira e, quando chegava a casa, cheio da mardita, sua esposa sempre o repreendia, com uma suave energia. E assim, ocorreu um determinado dia, quando nosso bom músico, entendeu de mostrar sua brabeza, para se livrar da fúria de sua doce esposa: começou a quebrar pratos, xícaras, pires, tudo o que fosse quebrável e, à proporção que ele ia quebrando, ela ia levando mais cousas pra ele, que compenetrado de Machão, destruía tudo, até que nada mais restava e, ela, colocou no chão, na frente dele, uma bilha de barro, também conhecida como quartinha, depósito de água potável!

  Otávio, enfurecido, resolveu dar um chute na bilha e, de repente, caiu gritando de dor! Rendeu-lhe essa violência, com ele mesmo, um fiado no comércio, para repor os pratos e demais utensílios, uma bilha nova e ainda quinze dias sem poder tocar, esperando curar o pé DISMENTIDO, equivalente a machucado ou fraturado!

 Das nossas festas, somente ficaram belíssimas lembranças e saudades infindas! Vi ZUZINHA, pela última vez no dia 17 de dezembro de 2003, em uma Confraternização promovida pela ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DE BURITI da qual faço parte como associado fundador e ex-presidente por dois mandatos consecutivos, na casa do CASAL amigo ELIZABETH/ MANIM, quando pedi a ele que tocasse o Samba antigo Boemia e fui atendido.

Ele estava com CHICHICO, DELEGADO e CAMILO, o conjunto completo. Adquiri naquele dia dois CDs gravados com parte das músicas que eles tantas vezes tocaram alegrando e encantando tantas gerações, incluindo a minha geração.

Cinco anos depois, fui surpreendido e chorei ao ser informado da sua partida para a Pátria Eterna.

FAQUINHA com quem tive vários encontros posteriores e recordamos toda a nossa história, deixando com ele o meu cartão de visita profissional a seu pedido na última visita há mais de dez anos, também recebeu as minhas lágrimas quando do seu desenlace terreno.

OTÁVIO, eu o vi recentemente no funeral da esposa dele.

As minhas festas, da minha geração e de tantas outras gerações, sem vocês, não teriam sido os sonhos vividos e eternizados na minha mente e na minha alma, assim como o foram, como o são, meus INESQUECÍVEIS MÚSICOS DAS FESTAS BURITIENSES!

Diante do que VOCÊS representarem para todos NÓS que os conhecemos e para Buriti, dou-me o direito de, agradecendo-os e pranteando-os, dar-lhes a merecida honraria de OS MÚSICOS FAMOSOSOS e vultos históricos da nossa querida BURITI!           


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SOBRE O AUTOR

É buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti

 

Comentários

  1. Ao retornar a Buriti, lá no povoado Quebra-Coco, o corpo começa a arrepiar, sabendo que se aproxima a emoção de sentir que a umidade do riacho Tubi logo se misturará ao sangue que corre em nossas veias. A quinta-feira é a véspera, é o Quebra-Coco. A sexta-feira é a própria emoção em passar pelo Tubi, em ver os juçarais, é a narrativa do Djalma, que lembra com reverência a cidade de Inácia Vaz e de figuras humanas da história romântica de Buriti.
    O craque está em campo no estádio Correio Buritiense, começa driblando e dando balãozinho no mau gosto musical. Também, seu Djalma, é fácil fazer firula para a torcida com a seleção que você escalou, só em citá-los, me emociono Paulinho, Zé Fulô, Zuzinha, Chichico, Delegado, Faquinha e Otávio.
    Vou finalizar meu comentário com ajuda do Galvão Bueno: Olha o que ele fez! Olha o que ele fez! Não. Não é golaço do Ronadlinho Gaúcho. É a narrativa de bicicleta do Djalma.

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  2. Que bacana ler um relato dessa natureza com a emoção viva da história de Buriti, um celeiro de artistas, a exemplo, ainda, da famosa Banda da Joana Ferreira, Bidô, Zeba, Zé Bernardo, Manduca, Ribamar, Mundico Cego. Alguns poucos ainda em pleno exercício dos seus dotes musicais.

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  3. Só quem viveu tudo isso sabe como era tudo de bom,né Djalma!!abração

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  4. Buriti-ma é uma cidade pequena com poucos recursos, mas sempre é destaque na imprensa como os melhores administradores. Neném mourao recebeu medalhas como o melhor prefeito do Brasil, Rafael recebeu título como melhor prefeito do Maranhão, Naldo Batista recebeu como melhor prefeito do baixo Parnaíba. Como será o do Arnaldo Cardoso?

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    1. Esses perfeitos citados mereciam era estar no complexo penitenciário de pedrinhas.Os maiores usurpadores do dinheiro público.

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    2. Deixa de ser besta anônimo essas medalhas que Neném Mourao,Rafael Mesquita e Naldo Batista receberam foram compradas quem Julga políticos é o povo que sabem que esses crápulas foram os piores prefeitos de Buriti.

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  5. Naldo Batista o prefeito mais bem apurado, Arnaldo Cardoso o prefeito apurado no leite da pindoba.

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  6. ARnaldo AR Naldo ARnaldo AR Naldo ARnaldo AR Naldo ARnaldo AR Naldo ARnaldo AR Naldo ARnaldo AR Naldo ARnaldo AR Naldo ARnaldo AR Naldo ARnaldo

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  7. E o Naldo Batista que tá de boa, gordo, rico e cagando pro povo.

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