Coluna SEXTA DE NARRATIVAS - A PROCISSÃO DE SANT'ANA E OS PADRES BURITIENSES






O ponto culminante do Festejo da Padroeira da minha Buriti querida, Nossa Senhora SANT 'ANA e em todos os Festejos em homenagem a Santos e Santas venerados pela Comunidade Católica em todo o Mundo é a Procissão, momento único, quando se renovam a Fé, o Amor, a prova da Religiosidade e se registram as notícias dos Milagres ocorridos ano após ano.

Garoto de dez anos, eu pedi a minha Mãe que me desse uma calça comprida branca, a primeira, para que eu pudesse acompanhar a Procissão da Padroeira da nossa cidade daquele ano de 1957, pois eu precisava pagar uma promessa feita à Rainha do Festejo.

Ela questionou-me, curiosa, com um certo espanto, tirando-me a possibilidade de furtar-me de negar-lhe a informação. Entre acanhado e muito Feliz, falei a verdade que minha Mãe perseguia: pedi para ter boas notas em todas as provas do semestre e fui premiado com o primeiro lugar da minha Turma em todas elas. Não quero ficar devendo o meu compromisso logo com Nossa Senhora SANT'ANA.

Ela então, com brilho nos olhos, puxou-me carinhosamente e deu-me um caloroso e emocionado abraço que eu respondi também com muita emoção, dando-lhe um ABRAÇO e um BEIJO!

Em seguida, minha Mãe disse-me que ficasse tranquilo, pois ela me daria a calça branca mais linda, de linho puro e eu estaria igual a um príncipe na Procissão. Tudo aconteceu como eu sonhara, brilhei na procissão, com o meu belo uniforme, calça comprida, camisa de mangas compridas e cueca branca de linho puro, feito pelo Grande e Caprichoso Alfaiate e amigo NINÍ, alfaiate Oficial da cidade.  Naquele Festejo eu fui verdadeiramente um Príncipe do Reinado de LARANJEIRAS!

Os Padres da Paróquia de Buriti que eu conheci e convivi diretamente, quando criança, foram: Manoel Prestes de Lima, muito trabalhador, dinâmico, estimulava a comunidade, movimenta a nossa Paróquia inteira durante todo o ANO e mantinha uma frequência permanente dos fiéis na IGREJA, que era muito bem cuidado, animada, tinha um serviço de alto-falante, denominado “A VOZ PAROQUIAL”, que enchia de Alegria a Praça Matriz e a cidade, todos os dias, a partir das Seis horas da tarde, com músicas maravilhosas e hinos sacros divinais. A Procissão, durante o seu tempo de Pároco buritiense, era entremeada de novidades, os andores iluminados com luzes de lanternas a pilhas, pois não havia os recursos tecnológicos de hoje. Era uma Procissão que nos fazia sentir a presença do Céu na Terra, de Anjos, sentíamos-nos Irmanados em CRISTO.

Foi também durante o seu período, que ocorreram as primeiras Santas Missões, das quais participei, fiz a minha primeira comunhão, sendo absolvido sem confessar pecado, pelo Frei Apolinário, que confirmou o que imaginava: Criança não tem pecado.

Foi, sob o comando dele, que adquirimos o primeiro e único, até hoje, potente Relógio da Igreja Matriz, que badalava diuturnamente, orientando toda a população da zona urbana da cidade sobre os passos do Tempo.

Padre Manoel Prestes, sob lágrimas e aplausos da Comunidade Católica buritiense, foi transferido para outra Paróquia, deixando saudades e uma grande Obra realizada.

Rapidamente, contudo, tivemos a alegria e criamos a expectativa de muito mais melhorias na nossa Paróquia, com o anúncio da chegada de dois Padres, filhos da nossa Terra, para comandá-la, os Padres José e Júlio Costa. Ledo engano, infelizmente.

Ocorreu um declínio vertiginoso e a própria Casa Paroquial, se não fora ser a Sede da Escola Paroquial, sob o comando administrativo e pedagógico da Vocacionada e competente professora Carmem Costa, irmã dos dois Padres, que nos deixou um grande legado na área Educacional da nossa cidade, teria sucumbido.
A Paróquia, como um todo, perdeu muito em todos os sentidos, principalmente aquela alegria, aquela interação de antes, com a Família Católica, tão acostumada às atividades de outrora.

Tivemos, tenho CERTEZA, pela bondade divina, como atenuante, a Simplicidade e a simpatia do padre ZECOSTA, como era tratado o reverendo José Costa, que mitigou o nosso desalento, era afável, vaqueiro, pegava no cabo da enxada, do machado, no pé da galinha viva ou morta, do boi, da vaca, do porco ou da porca para o abate, atitudes que eu principalmente e os meus Irmãos caboclos, apreciávamos.

Padre Júlio era o inverso, muito duro, de pouco sorriso, muita gente o temia em razão do seu mau hábito de tentar corrigir as pessoas, homens, mulheres, adultos, jovens, crianças ou Idosos dentro da própria Igreja ou fora dela, avançava em anciãos em plena PROCISSÃO e tirava-lhes o chapéu ou boné das suas cabeças, chamando-os de burro, jumento, cavalo, sem o menor constrangimento.

Cresci e acompanhei o CAMINHAR dos dois, todavia sempre bem próximo do padre ZECOSTA sem, contudo, ser inimigo do padre Júlio, apenas discordava do seu estilo, na sua condição de ordenado Sacerdote, para Servir e Ensinar os seus semelhantes a Servir a Deus e aos seus Iguais. Não se modificou até a última vez que fui padrinho de duas Crianças num ritual por Ele celebrado, com a preocupação maior de saber se os padrinhos ou os pais de todos os Batizandos haviam pagado a TAXA, um vexame.

A Procissão, sob o comando deles, embora não tenha perdido o seu sentido maior, o de reafirmar a nossa unidade CATÓLICA e a nossa Fé e o nosso Amor devotado a nossa Trindade Divina, a nossa Mãe Maria Santíssima e à Padroeira Santana, perdeu um pouco o seu encanto, pra ser ameno.

Outros padres vieram depois deles e já nos dias atuais, o primeiro com quem tive contato pessoal direto, foi o Padre Nei. Participei de várias celebrações dele, que possuía uma característica marcante: as suas Missas eram muito Alegres e Vibrantes!

Divergimos em alguns pontos de vista, mas nos reconciliamos na Missa do Aniversário de Buriti, em 2019, por iniciativa dele, no Altar da IGREJA MATRIZ, surpreendendo-me, chamando-me para comparecer no Púlpito, quando nos abraçamos efusivamente emocionados.

Já este ano, Ele foi vítima do COVID - 19, não resistiu e encerrou a sua CAMINHADA Terrena. Derramei LÁGRIMAS sentidas e sinceras por ele.

Padre Chagas, depois do padre Ney, deixou no meu conceito, um legado maravilhoso, modificou a Formação da Procissão para melhor, facilitando o acesso de todos os participantes para assistirem a chegada ao Largo da Igreja na Missa de encerramento do Festejo.

Deixou, no entanto, um péssimo EXEMPLO, Politizou os seus Sermões(?), tentando impor a sua Preferência ideológica, Partidária, fugindo da dialética praticada por JESUS CRISTO.

O atual Pároco buritiense, cometeu logo ao assumir o seu ofício, um deslize desnecessário, abruptamente, no meu entendimento: a modificação a seu talante, do tradicional HINO da nossa PADROEIRA, que eu e a maioria da família católica buritiense aprendeu a Cantar desde Criança.

Não ousaria avaliar a sua administração tendo em vista o seu pouco tempo de atuação na nossa Paróquia.

Reverencio, com RESPEITO e SAUDADE, as MEMÓRIAS dos Padres José Costa, querido e inesquecível padre ZECOSTA, Júlio Costa e do Inesquecível Padre Claudiney Pereira de Melo, por terem, cada um, a seu estilo, contribuído na formação da História buritiense.

DESCANSEM em PAZ!

Senhora Padroeira SANTANA, continuai a Abençoar e a Proteger a nossa Buriti querida, intercedendo junto a nossa Mãe Maria Santíssima e à Trindade Divina pela nossa Cidade e por todos os seus Sacerdotes!

SOBRE O AUTOR

É buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti.

Comentários

  1. agora que a justiça veio acordar depois de tanto tempo eu acho que o rafael ja gastou todo esse dinheiro bota na cadeia e so solta quando devolver todo o dinheiro que roubou.

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