Coluna SEXTA DE NARRATIVAS – DOMINGO DE RAMOS E A SEMANA SANTA DA MINHA INFÂNCIA

Último dia de aula da Semana Caçadeira no Grupo  Escolar Antônio Faria, na minha Buriti querida, e a Emoção tomava conta de todos nós alunos e a troca de abraços e até beijos roubados entre namorados completavam a BELEZA daquela breve despedida. Não poderíamos em hipótese alguma deixarmos de assistir a Missa de Ramos na IGREJA MATRIZ DE SANT' ANA, levando cada um o Ramo de Palmeirinha ou Pindoba de Babaçu, para ser benzido pelo Padre, cujo Ramo SAGRADO, seria a companhia da Família durante um Ano quando seria substituído DOMINGO de RAMOS do ano seguinte.

Depois da Missa, com a participação de todas as Famílias que enchiam a IGREJA de GENTE  e de AMOR FRATERNO, novas despedidas e novos abraços, desta feita, sem possibilidades de beijos roubados, dada a vigilância geral de Pais, de Avós e de BISBILHOTEIROS de plantão. Fazia parte das emoções e dos Costumes da cidade que não tinha Internet e nem  redes sociais, entretanto de sobra o  correio do fuxico ou do PÉ de Ouvido, que era veloz e ágil.

A minha maior ansiedade era chegar em nossa  casa, que ficava a vinte metros da Igreja, montar o cavalo, o  burro ou  o jumento  nosso transporte seguro  e seguir para a minha Amada LARANJEIRAS, onde eu iria ajudar a minha Querida Tia DIQUINHA PASSOS na  feitura dos BOLOS variados. Eu segurava os ovos com as gemas e as derramava na goma ou na puba depois de já terem sido misturadas as claras. De vez em quando, uma colherzinha de prova da massa, que era uma delícia.

Esta etapa era Quarta-feira de Trevas, quando as Imagens de Santos e de Santas já estavam cobertas em respeito à Paixão e Morte de JESUS CRISTO e não se poderia cantar  nem assoviar, a não ser hinos sacros  e mesmo assim,  bem suavemente. Tudo cumprido à risca, sob pena de reprimenda (TACAAAA) nas primeiras horas do Sábado de Aleluia, também chamado de Dia da Carne no Prato e Farinha na Cúia.

Assados os Bolos, a expectativa dos dois Dias Grandes, Quinta e Sexta-feira Santas, dia de Jejuns e Abstinência de Carnes sem nenhuma concessão, nem mesmo para enfermos, no máximo caldo de ovos. Eu, meu irmão Wilson e nossos primos Francisco, Didi, Luzimar, Mazim e o Compadre BABÁ o mais velho desse time, 15 anos, saíamos para os passeios nas casas de parentes e de amigos, todos em Jejum, com o compromisso de não Quebrá-lo, o que era um pecado muito ofensivo a JESUS CRISTO. Na primeira casa que chegávamos, nos ofereciam o quê? Bolos, melancia, milho verde, pamonha, bobó no babaçu, e a pergunta: VOCÊS estão Jejuando? E nós em uma só voz: NÄO Tiaaa, ou NÃO  Senhora. E QUEBRÁVAMOS o Jejum. Retornávamos  para as nossas casas e mais uma interrogação: Quebraram o Jejum? E nós, unidos mais uma vez: NÄO Senhora, Mamãe e ela sorrindo dizia: mentir é pecado, mas lavem as mãos e vamos rezar para DEUS peridoar os pecados de vocês! Estávamos todos  à mesa e Papai me testava: Djalma, Quebraram o Jejum? Eu respondia: sim Papai, a tia Diquinha... Ele me interrompia, não precisa explicar, falar a VERDADE não é pecado, estão perdoados pela mentira, vamos almoçar.

Hoje, sou um Jovem Setentão Pai, Avô, testado em LUTAS diversas, com Vitórias e Derrotas, realizado nos meus principais objetivos, com um   excelente  acervo de Amigos, pertenço a ACADÉMICA DE ARTES  LETRAS E CIÊNCIAS do meu TORRÃO SAGRADO, Minha Buriti querida, voltei a Morar e a VIVER AQUI onde tudo começou, e, tendo a GRAÇA de estar vivendo as mesmas ALEGRIAS e EMOÇÕES da Aurora da minha VIDA.

Ao contrário do que afirma a Canção Antiga de Olavo Bilac, hoje acordei com muita SAUDADE dos DOMINGOS DE RAMOS e das MISSAS DA MINHA INFÂNCIA que os anos a trouxeram para o HOJE. Algumas lágrimas rolaram sobre o meu rosto.  Enxuguei-as e lembrei- me de que a minha Filha, os meus Netos e o meu Genro chegarão exatamente na Quarta-feira de Trevas e eu IREI mais uma vez, ajudar Assar os Bolos na minha AMADA LARANJEIRAS e depois no meu Encantado Barro Branco, no meio da minha FAMÍLIA e com ELA!

 AGRADECIDO e Louvando a Vós, meu Senhor e meu DEUS,  de Bondade e de AMOR, por tanta GRAÇA que me tem sido concedida!

SOBRE O AUTOR

É buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti.

Comentários

  1. Vim de São Luís tentar falar com o prefeito pq votamos nele mais o povo falaram que do anda escondido

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