TOMBAMENTO DE ALTAR
*Por Benedito Ferreira Marques
Certa feita, produzi um texto a que intitulei A dimensão constitucional da cultura, destinado à publicação no “Correio Buritiense”, de responsabilidade do conterrâneo Aliandro Borges. Realcei, ali, a importância da preservação de valores culturais como instrumento da política de desenvolvimento nacional. E não o fiz sem objetivo mediato: conscientizar os conterrâneos de Buriti-Maranhão sobre os valores culturais e artísticos daquela terra, com população emergida no século 19 (XIX), às margens do riacho “Tubi”. Independentemente de se saber quem iniciou a povoação daquele lugar – se a dona de engenho de cana-de-açúcar, chamada Inácia Vaz, ou outra pessoa -, certo é que há culturas a preservar; e não apenas valores culturais, mas também artísticos, a partir de casarões de mais de um século, o altar-mor da Igreja Matriz, o Cine Teatro Municipal (edificado em 1951) e tantos outros. Esses monumentos retratam épocas e traduzem fatos, cujos registros devem se projetar para as futuras gerações.
Essas considerações são frutos de minhas
elucubrações que emergem do saudosismo justificado, em momentos de nostalgia
profunda, a que me entrego nas paragens distantes onde me encontro (Goiânia - Goiás),
há meio século. Dou a conhecer essas reflexões, porque se sustentam na vontade
de contribuir com os destinos de minha terra natal. Nesse pensar quase diário
que minha memória aguça, concebo ideias aparentemente extravagantes, como, por
exemplo, edificar a sede própria da Academia
Buritiense de Artes, Letras e Ciências (ABALC), no terreno onde fora
instalado o velho gerador de energia elétrica, limitada a curto período de 18 a
22 horas. A iluminação que ali era produzida substituir-se-ia pela luminosidade
intelectual dos buritienses contemporâneos e futuros. Isso não é impossível.
Enquanto não se construísse a sede própria da ABALC, o Cine Teatro Municipal de
Buriti poderia ser objeto de concessão de
direito real de uso, por período razoável, adaptando-se o local não apenas
para abrigar os órgãos diretivos da entidade, mas também para viabilizar
encontros culturais, lançamentos de livros, fomento a uma biblioteca e outros
fins. Parecem sonhos irrealizáveis, mas não o são. Basta juntar o querer-fazer
e a vontade política dos governantes locais.
Nesse contexto, dei-me conta de que, em
Barro Branco, lugarejo em que nasci, existe uma capela, e, no seu interior, um
belíssimo altar estilo gótico, que me chamou a atenção, depois de
conscientizar-me sobre o significado da preservação de valores culturais,
históricos e artísticos. Essa compreensão eu não tinha, apesar de me postar,
incontáveis vezes, diante daquela obra de arte. De logo me acudiu a curiosidade
em saber quem o havia feito, ao que me deram duas versões. A primeira foi a de
que teria sido um pedreiro, em Buriti (MA), conhecido pela alcunha de “Cícero Pedreiro”,
que cheguei a conhecer, quando menino. O conceituado operário tinha um filho,
meu colega do curso primário, apelidado de “Luiz Pedreiro”. A segunda versão
era de que o artífice teria sido um hábil pedreiro e pintor da cidade de Brejo
(MA), onde já havia idêntica capela do mesmo estilo. Ambas as versões faziam
sentido, mas o que mais me interessava era encontrar mecanismos de preservação
daquela vistosa obra de arte barroca, porquanto, por volta de 2011, o vigário
da paróquia de Buriti tencionara destruir o altar, com o pretexto de que
atendia à recomendação extraída do Concilio Vaticano II. Felizmente, um dos
mais influentes líderes daquela comunidade, Álvaro
de Oliveira Costa, conhecido “Alvim”, impediu a concretização daquela
desastrosa ideia.
Agora,
vejo-me motivado a encetar um movimento, visando ao tombamento daquele altar,
como Patrimônio
Artístico Municipal, a fim de evitar ameaças de destruição, além de
conferir, àquela monumental obra de arte, o feitio de atração turística do
Município. Para tanto, já colhi as primeiras informações: o terreno foi doado
pelos meus avós maternos, através de escritura pública lavrada no dia 21 de
dezembro de 1951, pelo Tabelião Waldemar
Gonçalves, perante quem compareceram os doadores Benedito Alves Ferreira e Catarina
Maria Ferreira, e, como donatária, a Paróquia
de Nossa Senhora Sant’Ana, representada pelo pároco da época, Pe. Porcino
da Costa.
Também apurei, por testemunhos orais,
que a construção da capela foi totalmente custeada pela comunidade, mediante
arrecadação de recursos financeiros em leilões, rifas e outras contribuições voluntárias
de pessoas do povoado e da própria sede do Município.
Aí estão os primeiros informes que
poderão servir de valioso suporte para a elaboração de um projeto viável aos
fins colimados.
Não se diga que a ideia – agora
transformada em sugestão a quem queira tomar a iniciativa -, se considera
extravagante, porquanto tem respaldo no leito da própria Constituição da
República Federativa do Brasil, em cujo artigo 216, se lê:
“Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material
e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais se incluem ...IV – as obras, objetos, documentos,
edificações artístico-culturais”.
A ideia está lançada. Mãos à obra.
SOBRE O AUTOR
BENEDITO FERREIRA MARQUES nasceu no dia 11 de novembro de 1939, no povoado Barro Branco, no município de Buriti/MA. Começou seus estudos em escola pública e, com dedicação, foi galgando os degraus que o levariam à universidade. Possui graduação em Direito pela Universidade Federal do Maranhão (1964), especialista em Direito Civil, Direito Agrário e Direito Comercial; mestre em Direito Agrário pela Universidade Federal de Goiás (1988); e doutor em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (2004).
Belíssima Idéias!
ResponderExcluirTem meu apoio ao projeto.
ResponderExcluirMuito boa idéia.
ResponderExcluirParabéns a todos.!
ResponderExcluirTem o meu amigo.
ResponderExcluirValiosíssima idéia. Concordo plenamente
ResponderExcluirExcelente inciativa!
ResponderExcluirParabéns pela iniciativa!
ResponderExcluirHonraria merecedora.
ResponderExcluirParabéns pela iniciativa. Vamos levar para a Câmara Municipal de BURITI.
ResponderExcluirConcordo!
ResponderExcluirMuito bom... parabéns.
ResponderExcluirParabéns Dr Benedito. E dr. Raimundo.
ResponderExcluirQue ótima notícia!! Parabéns.
ResponderExcluirParabéns a todos os envolvidos.
ResponderExcluirExcelente iniciativa!
ResponderExcluirParabéns
ResponderExcluirBoa noite. Muito bom
ResponderExcluirExcelentes idéias...
ResponderExcluirParabéns!
ResponderExcluirMuito bom..
ResponderExcluirQue ótimo..
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