"A seletividade não é um acidente de percurso.
Está na essência de investigações de grande interesse político — como a Lava
Jato, a AP 470 — porque não interessa investigar todo e qualquer suspeito num
país onde o Estado 'se legitima' quando atua em defesa do 'grupo dominante',
nas palavras da professora Maria Silvia de Carvalho Franco", avalia Paulo
Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília; ele destaca que "quando uma
investigação que deveria produzir uma decisão judicial isenta se transforma numa
operação política, os objetivos mudam e os resultados também", com a culpa
e a inocência já "definidas de antemão"
Sempre que a seletividade das
investigações da Lava Jato se torna um fato evidente como a silhueta do Pão de
Açúcar na paisagem do Rio de Janeiro, aliados do juiz Sérgio Moro sacam um
argumento conhecido: "um crime deve ser tolerado só porque outros o praticam?"
Inteligente na aparência, esse
argumento tenta esconder uma verdade mais dura, inaceitável. Vivemos num país
onde a seletividade não é um acaso — mas um método.
Essa visão benigna do problema
ressurgiu agora, quando a delação premiada de Ricardo Pessoa, mesmo voltada
para produzir provas e acusações contra o governo Dilma, Lula e o Partido dos
Trabalhadores, não pode deixar de jogar luzes sobre a campanha do PSDB e outros
partidos de oposição.
Os recursos estão lá, demonstrando que Aécio Neves
recebeu mais dinheiro do que Dilma. Que Aloysio Nunes Ferreira levou uma parte
em cheque, a outra em dinheiro vivo. Julio Delgado, o relator da cassação de
dois parlamentares — José Dirceu e André Vargas — foi acusado de embolsar R$
150 000 reais de uma remessa maior enviada a Gim Argello para enterrar uma das
diversas CPIs sobre a Petrobras.
Será a mesma que permitiu ao senador Sergio Guerra,
então presidente do PSDB, levar R$ 10 milhões, uma quantia 66 vezes maior que a
de Julio Delgado, para fazer a mesma coisa? Ou essa era outra CPI?
Não sabemos e dificilmente
saberemos. A presença de altas somas nos meios políticos é uma decorrência
natural das regras de financiamento de campanha, criadas justamente para que os
empresários sejam recebidos de portas abertas pelos partidos e candidatos, com
direito às mesuras merecidas por quem carrega uma mercadoria tão essencial, não
é mesmo?
Não custa lembrar: justamente o
PSDB foi responsável pela entrega de votos essenciais para a manutenção das
contribuições de empresas privadas em campanhas eleitorais. Os tucanos gostam
tanto desse tipo de coisa que, quando ocorreu uma segunda votação, na última
chance para se conservar o sistema, até os dois parlamentares — só dois, veja
bem –que se abstiveram na primeira vez foram chamados a fazer sua parte e não
se negaram a participar de uma manobra que, além de tudo, tinha caráter
anticonstitucional.
O PT, seletivamente investigado
na Lava Jato, votou contra.
Não é curioso? Não seria muito
mais proveitoso entender o imenso interesse tucano pelo dinheiro dos
empresários, os mesmos, exatamente os mesmos, que agora são interrogados e
presos por longos meses depois que resolveram ajudar o PT?
Isso acontece porque a
seletividade não é um acidente de percurso. Está na essência de investigações
de grande interesse político — como a Lava Jato, a AP 470 — porque não
interessa investigar todo e qualquer suspeito num país onde o Estado "se
legitima" quando atua em defesa do "grupo dominante," nas
palavras da professora Maria Silvia de Carvalho Franco.
Quando você escolhe o alvo e
seleciona o inimigo, a regra fundamental de que todos são iguais perante a lei,
qualquer que seja sua raça, origem social ou credo, deve ser ignorada porque só
atrapalha o serviço. A igualdade deve ser substituída pela seletividade.
No Brasil colônia, a Coroa
portuguesa procurava hereges que pudessem ser julgados pela inquisição. Eles
eram procurados até nos banheiros, acusados de proferir blasfêmias que ofendiam
a Igreja Católica. Localizados e presos, eram conduzidos a Portugal, aprende-se
nos relatos do livro Tempo dos Flamengos, do pesquisador Antônio Gonsalves (com
"s" mesmo) de Mello.
Esse tratamento, brutal,
inaceitável, era coerente com um regime absolutista, no qual homens e mulheres
eram desiguais por determinação divina. A seletividade fazia parte natural das
coisas.
Em tempos atuais, onde a
democracia é um valor universal, é preciso escolher muito bem os alvos e ter
noção de seu significado. Quem legitima a escolha? Os meios de comunicação, a
principal correia de transmissão entre as ações do Estado e o conjunto da
sociedade, que também espelha o ponto de vista do mesmo "grupo
dominante".
Não vamos esquecer que os mesmos
jornais e revistas que hoje glorificam Sérgio Moro e em 2012 endeusaram Joaquim
Barbosa também aplaudiram o delegado Sérgio Fleury e outros torturadores que
eram apresentados como caçadores de terroristas. Questão de momento, vamos
combinar.
Se a denúncia do caráter parcial
de uma investigação obviamente beneficia quem está sendo prejudicado, o problema
real é muito maior. A seletividade modifica a natureza do trabalho de apuração.
Deixa de ser expressão de um erro, humano como todos os outros, para se tornar
um método.
Quando uma investigação que
deveria produzir uma decisão judicial isenta se transforma numa operação
política, os objetivos mudam e os resultados também. Muitos culpados são apenas
"culpados", porque sua culpa está definida de antemão e só precisa
ser confirmada pelas investigações. Vice-versa para quem se torna "inocente."
Para dar um único exemplo, entre
vários: policiais que trabalharam para AP 470 descobriram que o ex-ministro
Pimenta da Veiga recebeu R$ 300 000 de Marcos Valério, em quatro cheques caídos
em sua conta, meses depois do final do governo FHC. Embora essa soma seja seis
vezes superior aos R$ 50 000 que João Paulo Cunha recebeu em sua conta,
cumprindo pena de prisão por esse motivo, a investigação sobre Pimenta sequer
está encerrada — doze anos depois dos cheques de Valério terem caído em sua
conta. O ex-ministro tucano é culpado? Suspeito? Quem saberá?
Esse discurso em defesa dos ladrões do governo deve ser mais uma encomenda dos dirigentes do PT para tentar colocar sob suspeita os membros do Ministério Publico Federal. O que importa pra nós que temos um pouco de consciência é que o GOVERNO ATUAL È DO PT e o fato de um membro de outro partido ter recebido mais ou menos que os ministros do governo do PT não faz diferença, perante a Lei até a intenção de roubar é crime e de 1,00 real a um trilhão roubado, É ROUBO.
ResponderExcluirA lei e para todos as instituições não podem ser seletiva o que tem se combater são vícios da classe da politica não se restrigir apenas um partido. Nunca se combateu a corrupção como agora você deve está sentido falta de um Governo Tucano em que procurador era conhecido como engavetador da república e tinha o Diretor da Policia Federal filiado a um partido.
ExcluirNo final todos são iguais, e pra terminar a deixa digonque ESTAMOS TODOS LASCADOS. São uns roubando e outros querendo roubar!
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