Conselho Federal de Medicina (CFM) diz que vai
recorrer
*Por Repórter da Agência Brasil
O Conselho
Federal de Farmácia (CFF) publicou resolução ontem (25) que permite ao
profissional prescrever medicamentos que não necessitam de receita médica, como
analgésicos e antitérmicos. De acordo com o conselho, a regulamentação será
publicada hoje (26). O farmacêutico poderá dar uma receita ao paciente
orientando-o sobre qual remédio deve usar, a partir dos sintomas relatados,
como febre, dor de cabeça e cólica. O Conselho Federal de Medicina (CFM)
anunciou que vai questionar a medida na Justiça.
"Prescrever,
conforme legislação específica, no âmbito de sua competência profissional", diz a resolução publicada hoje. Segundo Walter
Jorge João, presidente do CFF, a medida é um avanço para a população, que em
vez de ir comprar o medicamento sem nenhuma orientação vai contar com a ajuda
de um profissional, que também será responsabilizado pelas consequências de uma
prescrição inadequada.
A resolução publicada hoje reforça o papel do
farmacêutico nos cuidados à saúde do paciente, determinando que é função desse
profissional participar de discussões de casos clínicos “de forma integrada com os demais membros da equipe de saúde” e
analisar a prescrição de medicamentos nos aspectos legais e técnicos. A
regulamentação, que será divulgada hoje, prevê ainda que o farmacêutico poderá
renovar a receita médica para pacientes da rede pública em situações
específicas, como aqueles com doenças crônicas que precisam de medicação de uso
contínuo. Esse dispositivo dependerá de regras e normas definidas pelo
Ministério da Saúde.
Em nota, o CFM alega que os farmacêuticos não têm a
autorização legal para receitar remédios. Na avaliação dos médicos, apesar de
aparentemente simples, uma dor de cabeça pode ser o sintoma de um problema mais
grave, como um acidente vascular cerebral, e, portanto, é mais seguro que o
paciente seja atendido por um médico.
Sobre renovação de receita médica, o CFM defende
que o procedimento deve ocorrer somente após uma conversa entre médico e
paciente, quando o médico saberá se o remédio, indicado em um momento anterior,
pode ser interrompido, ter a dosagem alterada ou seguir com a prescrição
inicial.
Para alguns conselheiros do CFM, a resolução do CFF
incentivará a automedicação, pois leva o doente a não procurar o médico,
resolvendo os sintomas no balcão da farmácia, sem procurar saber as causas.
A entidade médica citou, na nota, pesquisa feita
pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação no Mercado Farmacêutico mostra que
61% dos entrevistados discordaram da possibilidade de farmacêuticos receitarem
remédios e 58% não confiam em prescrições feitas por farmacêuticos.
O levantamento, feito de 5 a 10 de agosto deste
ano, entrevistou 2.560 pessoas, 53% mulheres e 47% homens, maiores de 18 anos,
em Aracaju, Brasília, Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis,
Goiânia, João Pessoa, Maceió, Manaus, Porto Alegre, Salvador, São Paulo, no
Recife e Rio de Janeiro.
Comentários
Postar um comentário
O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem. Ofensas pessoais, mensagens preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, ou ainda acusações levianas não serão aceitas. O objetivo do painel de comentários é promover o debate mais livre possível, respeitando o mínimo de bom senso e civilidade. O Redator-Chefe deste CORREIO poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.