O Poder Judiciário do Maranhão,
em 1º Grau, deu ênfase ao combate aos maus gestores municipais em todo o
Estado. Na berlinda, processos referentes aos mais diversos crimes praticados
por prefeitos, ex-prefeitos, secretários municipais, vereadores, envolvendo
convênios fraudulentos, recursos não aplicados em obra a que se destinava,
contratação irregular de servidores, falta de prestação de contas, ilegalidade
em contratação de transporte e merenda escolar, e outros. Foram centenas de
condenações ao longo do ano, em sua maioria, confirmadas pelo Tribunal de
Justiça do Maranhão.
Sobre o tema, membros da
Magistratura, do Ministério Público do Estado do Maranhão e do Ministério
Público de Contas deram início ao Movimento “MARANHÃO CONTRA A CORRUPÇÃO”, que priorizou o julgamento de ações
penais e de improbidade administrativa, movidas contra gestores e ex-gestores.
Os trabalhos do mutirão aconteceram em todo o Maranhão, envolvendo mais de 70
unidades judiciais, entre comarcas e varas. O mutirão foi idealizado por juízes
e promotores e as atividades foram todas direcionadas às ações de crimes contra
a administração pública. Os juízes da comissão organizadora foram Glender
Malheiros, titular da 1ª vara de João Lisboa, Mirella Freitas, da 2ª vara de
Itapecuru-Mirim, Holídice Barros, da 2ª vara de Codó, Douglas de Melo Martins,
da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, Marco Adriano Fonseca,
da 1ª vara de Pedreiras e Jorge Antônio Leite, da 3ª vara de Bacabal.
Durante o evento, que ocorreu
no período de 7 a 18 de março e movimentou mais de 1.500 processos, foram
proferidas 216 sentenças, 181 decisões e realizadas 87 audiências. Em valores,
foram mais de 10 milhões de reais de condenações de ressarcimento ao erário,
além de multas aplicadas a gestores e ex-gestores. Mesmo com esse trabalho, o
julgamento de ações de combate à corrupção aconteceu durante todo o ano. A
corregedora-geral da Justiça, desembargadora Anildes Cruz, reconheceu,
publicamente, o trabalho dos juízes de direito que participaram do “Movimento
Contra a Corrupção”, atuando nos julgamentos do “Mutirão de Improbidade e
Crimes Contra a Administração Pública”.
CASO EMBLEMÁTICO
Um dos casos de condenação de
Prefeito foi em Bacuri, no qual o
juiz titular Thadeu de Melo Alves, titular de Bacuri, proferiu sentença sobre o
caso de irregularidades no processo licitatório de empresa que seria
responsável pela contratação de transporte escolar no município. Esse caso foi
emblemático porque envolveu um acidente no qual morreram oito estudantes, que
viajavam em transporte escolar que não oferecia condições mínimas de segurança.
A ação tinha como réus José
Baldoino Nery (Prefeito de Bacuri), Célia Vitória Nery (ex-secretária Municipal
de Educação), Gersen James Correa (Presidente da Comissão de Licitação), Flávia
Regina Assunção (Secretária da Comissão), Maria José Nascimento (membro da
comissão), Vagno Setubal (pregoeiro), Raimundo Nonato Amorim (integrante da
equipe de apoio), Arcy Fonseca Gomes (Assessor Jurídico de Bacuri), Andrew
Fabrício Santos (Sócio da Conservis), e Conservis Construções, Comércio e
Serviços LTDA. Destes, Flávia Regina, Maria José, Raimundo Amorim e Arcy
Fonseca foram absolvidos.
Os outros réus desse caso
receberam condenação, entre os quais o prefeito José Baldoíno, por conta de
irregularidades no procedimento licitatório Pregão Presencial nº 008/2013, cujo
objeto seria a realização serviços de locação de veículos, motocicletas e
máquinas pesadas, para o transporte escolar do Município de Bacuri, no valor de
R$ 1.092.700,00 (um milhão, noventa e dois mil e setecentos reais),
caracterizadas como atos de improbidade administrativa.
Dentre outras centenas de
processos com sentença, mais recentemente a juíza Selecina Henrique Locatelli,
titular da comarca de Arame,
condenou o ex-prefeito do município João Menezes de Souza a ressarcir ao Erário
o valor de R$ 7.814.155,99 (sete milhões, oitocentos e quatorze mil, cento e
cinquenta e cinco reais e noventa e nove centavos). O valor deve ser corrigido
monetariamente pelo INPC e acrescido de juros de 1% ao mês. Na sentença, a
magistrada determina ainda a suspensão dos direitos políticos do ex-prefeito
por oito anos e proíbe o ex-gestor de contratar com o Poder Público por 05
(cinco) anos.
NOTAS FISCAIS FALSAS
Dentre as irregularidades
praticadas na gestão do ex-prefeito e apontadas pelo MPE como as de maior
gravidade, "a não aplicação da receita
mínima na área da educação, a falta de aplicação de 60% (sessenta por cento)
dos recursos do FUNDEF na valorização dos profissionais do magistério, a
ausência de licitação para aquisição de materiais diversos e de combustíveis,
realização de obras e serviços de engenharia, utilização de notas fiscais
falsas ou sem registro no órgão fazendário estadual”, entre outras.
Uma das juízas à frente do
movimento, Mirella Freitas destaca que “o
combate à corrupção é uma importante medida de prevenção a violações de
Direitos Humanos. Além de buscar a responsabilização de gestores por atos de
improbidade na gestão de recursos públicos, o grupo também concentra esforços
em trabalhos e medidas de prevenção”. A prevenção é realizada com atos que
privilegiam valores morais e éticos, transparência e a prestação de contas.
De acordo com o juiz Frederico
Feitosa, da 2ª vara de Estreito, a luta contra a corrupção “concentra os esforços diários e quase silenciosos dos juízes
maranhenses contra as ilegalidades praticadas contra a administração pública”.
Glender Malheiros, titular da 1ª vara de João Lisboa, ressalta que a “improbidade administrativa é um dos maiores
males envolvendo a máquina administrativa de nosso país e um dos aspectos
negativos da má administração que mais justificam a implementação de um maior
controle social”.
(Da Asscom do TJ/MA)
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