Coluna SEGUNDA ANÁLISE - A CORRUPÇÃO INSTITUCIONALIZADA

  *Por Anaximandro Silva Cavalcanti

A CORRUPÇÃO INSTITUCIONALIZADA

 Pedro Barusco, delator, ex-gerente de serviços da Petrobras, diz que a corrupção foi institucionalizada a partir de 2003, já no governo Lula. Desde então estamos vendo nos escândalos da “Operação Lava Jato”, a corrupção como coisa natural, como um modo de vida denigrindo os valores sociais. A corrupção descarada e deslavada como fruto de uma instancia governamental e pessoal paranoica, enlouquecida e enlouquecidos pela idolatria das pessoas partidárias a elas, que institucionalizaram a corrupção.

Esse processo trás serias consequências sociais, como por exemplo: a desnaturação das instituições democráticas. Outrora, a toga e a beca, eram vestimentas respeitadas, que traziam um significado de seriedade, justiça, poder, respeito; hoje parecem roupas engraçadas; até mesmo as palavras: “réu”, “culpa”, “transgressão”, “punição”, “lei”, “justiça” estão vazias de seus significados culturais, já não acreditamos nelas. Seus ideais e valores, já não fazem mais sentido.

Quando alguém que ocupa, um cargo de altíssimo escalão em uma empresa, partido político ou outra instituição qualquer, até mesmo em uma secretaria municipal de irrelevante significância, se “demite” de seu lugar simbólico. Ele deixa de sustentar, por meio de seu ato, os valores instituídos. O efeito dessa “demissão” é a corrupção e a desnaturação dessa imagem simbólica. Esse é o quadro que temos no caso do juiz apanhado usando bens apreendidos de Eike Batista. O que acontece é que o vínculo, até então naturalizado, entre a palavra “juiz” e o significado “justiça”, vai se enfraquecendo, até que, no limite, se dissolve e se desnatura.

O que estamos aprendendo na “nova ordem” mundial, é que o crime compensa, os meios justificam os fins. Decapitam-se pessoas em prol de um nada, valores são quebrados, a família é constantemente agredida em seus lares em prol de um sonho perverso de uma minoria paranoica. Hoje, a corrupção se institucionalizou. Tornou-se uma cultura e se reproduz de forma autônoma. Ela desqualificou a lei e se tornou um valor, um modo de vida. Hoje já não há limites. Na desnaturação da lei, todos perdem a autoridade; essa perda de autoridade e falta de limites é que contribui para a propagação da ideia de que se pode tudo. Tudo é liberal.

O desvio de recursos é criminoso e, certamente, prejudica o país, mas a institucionalização da desqualificação da lei coloca em risco a democracia. Pois, de um lado temos o indivíduo antigoverno, que coloca toda a cor da lama em uma só pessoa, a presidenta; do outro lado temos os pró-governo e uma visão paranoica do tipo “nós, os bons/justos, contra eles, os maus/desleais, que ameaçam nossa democracia.

Vemos hoje no país, grupos convocando, ora pela via do amor, ora pela via da intimidação e do ódio seus simpatizantes e militantes à defesa de seus credos. Essa polaridade, bom/mal, justo/injusto, lubrificada com a institucionalização da corrupção tente naturalmente a dividir a população em dois polos, que perigosamente se armam uns contra os outros.

  

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