Contra controle midiático local, produção aposta na internet para
divulgar o retrato fiel do reduto da família Sarney.
O filme retrata a crueldade na qual o povo maranhense está submetido há
décadas.
*Extraído da Carta Capital
O Luís
que nasce. O Luís que morre. São vários Luíses. Eles se espremem nos ônibus,
são ambulantes, morrem nos corredores dos hospitais. Vivem. Sobrevivem. São
vítimas de uma história que não é nova no estado nordestino. Mas da boca dos
Luíses pouco se ouve. "Muitas
pessoas no Maranhão sabem o que acontece aqui, mas têm medo de falar”. O
longa metragem “Luíses- Solrealismo Maranhense”, de Lucian Rosa, foi lançado
em outubro de 2013 em festivais, mas estreia agora na internet para poder
disseminar com mais rapidez a situação da população maranhense. Depoimentos de
jornalistas, moradores de rua e usuários do sistema público de saúde denunciam
o descaso no poder público no reduto da família Sarney. “O filme está falando, oficialmente, da corrupção no Maranhão”, diz
Rosa.
O documentário é uma produção do "Éguas Coletivo Audiovisual".
O filme se utiliza de elementos ficcionais para falar sobre o cotidiano. O
público, por vezes, se confunde sobre quem são os personagens da ficção e os “da vida real”.
Segundo os documentaristas, a luta para que o filme
seja visto é difícil, pois todo o complexo midiático está nas mãos da família
Sarney ou de aliados, limitando a divulgação do longa. "Enquanto o Brasil noticiava os crimes nas penitenciários do
Maranhão, os telejornais locais silenciavam o caso. Nos comerciais, são quatro
minutos só de propaganda do governo”, relata Rosa. "Eu fico me perguntando se o Brasil não tem
culpa de o Sarney ter o poder que tem: são inúmeras alianças e um passado na
história recente que me fazem acreditar nisso. A política aqui, tanto
local, quanto nacional, atrapalha demais o estado e as pessoas...Não é um
problema só do Maranhão.”
Segundo a produtora Keyciane Martins, o
documentário quer dar inicio a "um
movimento genuinamente maranhense, envolvendo artistas, professores, moradores
de rua..."
O filme “Luises- Solrealismo maranhense” já
ganhou prêmios de melhor direção, melhor ator e melhor direção de arte no
festival “Guarnicê”, o maior do Maranhão, e foi exibido em diversas mostras de
cinema. Para ser realizado, apesar do orçamento limitado, o longa fez campanha
e arrecadou 1.200 reais para a produção, que aconteceu entre 2012 e 2013.
Toda a equipe, ressalta Lucian, trabalhou
voluntariamente. O longa contou com a ajuda do músico Zeca Baleiro, que autorizou
o uso da canção A Serpente para embalar o filme. A letra do
maranhense destaca: “Eu quero ver a
serpente acordar, para nunca mais a cidade dormir”. O filme, agora,
busca verbas para levar o documentário para o Interior do Maranhão, onde
geralmente a internet não chega.
Ou se deseja baixar o filme ou assisti-lo, na
íntegra, só visitar o site www.solrealismo.com.
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