
A minha INFÂNCIA ou a
AURORA DA MINHA VIDA, foi muito rica e, apesar do brilhantismo do poema MEUS
OITO ANOS, do notável poeta e escritor Casimiro de Abreu, afirmar: "Oh!
que saudades que eu tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida,
que os anos não trazem mais...", o Tempo e a minha bendita Memória trazem-me
e mantém dentro de mim, do meu CAMINHAR, todos os acontecimentos que permearam
a História da minha Buriti querida, que se imiscui na minha História, numa
simbiose harmônica e perfeita!
Por esta razão, tenho muito orgulho e um prazer divinal em Contar e Cantar, a nossa Terra e a nossa Gente, como o faço hoje!
No meu tempo de criança, na minha Buriti da alegria, da tranquilidade, das brincadeiras sadias de bicicletas, do Carrossel, da Mesma Praça, do bom dia, do sorriso franco, do sim senhor, do não senhor, da bênção seu padre, do louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre Seja Louvado, a bênção meu padrinho, minha madrinha, do sim senhora professora, da praça arborizada e cuidada, inclusive por nós crianças, militavam nos cartórios notariais dois cidadãos, que os conheci, como respeitáveis e, logicamente, como pessoas de bem! Eram eles, seu Antônio Ferreira Campos, do Segundo Ofício e seu Valdemar Gonçalves do Primeiro Ofício. Deles dependíamos todos NÓS, no que se referia à aquisição dos documentos públicos a partir do primeiro, para ingressarmos no mundo dos cidadãos e das cidadãs, a CERTIDÃO DE NASCIMENTO e o que comprova o nosso retorno ao Pó da Verdade, o ATESTADO DE ÓBITO.
Seu Antônio Ferreira, um negro polido, no sentido de ser humano, no verdadeiro sentido cristão, seu Valdemar Gonçalves, um sarará, assim da minha cor, não menos polido, portanto uma dupla espetacular como seres humanos e profissionais de Escola.
Seu Antonio Ferreira tinha um hábito MARCANTE, logo ao amanhecer o dia, tocava a alvorada, com a sua orquestra formada pelas narinas, dando aquele espirro que tremia todo o seu corpo e enchia a Praça Matriz, ÊH, ÉH, ÊÊÊ TICHIIIIIM, era aquele som de estampido de ronqueira, aquela arma utilizada para anunciar o início dos festejos nos povoados! Todos os dias ele passava pela praça em direção ao mercado público, com uma Cesta grande de Taboca para comprar carne bovina ou o que aparecesse em termos de alimentação, pois naquela época, um boi era novidade no nosso mercado e a briga era pela carne trazeira, a mais nobre desde datas remotíssimas. No antigo Mercado Público da cidade estava o seu palco mais famoso das discussões, onde ele contava as novidades colhidas do noticiário nacional, obtidas através do seu famoso Rádio Philco Transglobo e ali encontrava outro radiouvinte, também empolgado, o seu Farides Sipaúba, cujo rádio, segundo ele, era o melhor da cidade, pois mesmo após ser desligado, ainda noticiava por mais dez minutos!
Era suficiente pra que seu Antônio Ferreira esbravejasse, gritando: “Farides, rapaz, larga de ser tão mentiroso, que o meu rádio é dos melhores e não tem essa capacidade toda, para com isso!” Uma beleza, gargalhada geral no meio do mercado! Ele, seu Ferreira, era, no entanto uma bela pessoa, um excelente servidor público, desempenhava a contento as atividades inerentes ao seu ofício e no seu cartório, era mãos e pés dos juízes e promotores e um apoio fortíssimo da comunidade relacionado no que dizia respeito a documentos de toda ordem. Brincalhão, gostava muito de crianças e era um dos meus incentivadores e fãs, pois dentre outras gentilezas, foi ele quem me forneceu o nome e parte da história da minha querida LAZARINA.
Era apaixonado por discursos e recitais de poesias. Assistiu todas as minhas apresentações estudantis, referentes a essas atividades, no saudoso Antonio Faria e no Cine Teatro Municipal. Delicadamente me aplaudindo sempre e dizendo-me que eu seria um vencedor e que no futuro queria me ver transformado num poeta e num bom advogado, cujo incentivo me impulsionou a sonhar e a lutar pela realização deste sonho. Sem modéstia à parte, não sou poeta e nem um bom advogado, todavia sou Advogado, sem contabilizar nenhuma mácula na minha Profissão.
Era um inveterado criador de passarinhos, de várias espécies e matizes. Em sua casa existiam inúmeras gaiolas cheias deles, até que um dia, o conterrâneo GONZAGUINHA Dutra, mais novo do que eu, em uma apresentação escolar na frente da Igreja de Sant'Ana, recitou o poesia Pássaro Cativo, ele estava presente, porque sempre gostou de assistir eventos escolares e emocionou-se, com o apelo poético, o lamento dos pássaros presos em gaiolas e, chegando em casa, ainda, com os olhos marejados de sentidas lágrimas, aguardou o dia seguinte e, logo às primeiras horas matinais, soltou todos os pássaros, que outrora tinham sido sua maior e mais querida atração.
Seu Valdemar Gonçalves, também era brincalhão e, normalmente, era do time de seu Ferreira, com quem trocava ideias e discutia sobre suas atividades, que eram comuns e sobre a vida da cidade e de sua gente, pois eram, sem dúvida, os mais informados de tudo, inclusive porque manuseavam diariamente os inquéritos policiais e os processos judiciais, estavam sempre, de modo sábio e competente, a serviço do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos Advogados e da população buritiense em especial.
Sempre dispensou atenção especial ao meu pai e ao meu avô e, me surpreendeu, certa vez, ao perceber um comentário dele com o meu pai, parabenizando-o, porque entendia que, "esse seu filho promete", o que muito me orgulhou, reprimidamente, até que meu pai me desse a certeza e a alegria de que eu ouvira corretamente a mensagem do velho tabelião Valdemar Gonçalves, que anos depois eu tive a grata satisfaça de protocolar no seu cartório, através dele próprio, uma Ação por danos morais, contra o Município de Buriti, decorrente de atitudes fora da Lei, praticadas pelo Alcaide local, infelizmente.
Meus queridos e inesquecíveis amigos do meu Pai, Jaime Passos, do meu Avô, Pio Passos, meus DILETOS AMIGOS, Antônio Ferreira Campos e Valdemar Gonçalves, as palavras de vocês, as da minha doce, querida, saudosa e inesquecível mãe, Laudelina, do meu extremoso pai, Jaime, meu primeiro Ídolo e protetor, de outros amigos e de outras amigas, deram-me ânimo e mais vigor para lutar pela consecução da minha meta, a minha independência econômica e financeira.
Todos VOCÊS foram imensamente úteis para que eu alcançasse este degrau na Escada da VIDA.
Embora eu não tenha conseguido ser aquele BOM ADVOGADO, seu Antônio Ferreira Campos, sou feliz por ter recebido de VOCÊS Aquele abraço de parabéns, como advogado, quando os senhores ainda estavam laborando nas suas tendas cartorárias!
Senti confirmando, que os seus desejos e incentivos foram fidelíssimos e estavam satisfeitos.
Seu Valdemar Gonçalves, lembro-me do dia em que ingressei na Comarca de Buriti, com uma ação cível, contra o Poder Público, o senhor foi quem protocolou o processo e vibrou comigo! Acho que aquele “promete”, que o senhor vaticinou, aconteceu.
Insiro-os, meus saudosos TABELIÃES, agradecido pelo que VOCÊS foram na vida dos buritienses, na HISTÓRIA da nossa querida BURITI, por méritos de suas atuações e lhes presenteio EM MEMÓRIA, com os Títulos de HERÓIS DA COMARCA DE BURITI/MA!
Continuem FELIZES na mansão dos justos, meus AMIGOS!
Dedico este texto, aos filhos (as) dos Homenageados, a
saber:
· Fátima
Ferreira
· Ribamar
Gonçalves
· Celeste
Gonçalves
· Margarida Gonçalves
SOBRE O AUTOR
É buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti.
Por muitos anos, a Equipe da Fé Pública contou com a capacidade e habilidade do trabalho notarial e registral de Valdemar Gonçalves e Antônio Ferreira, responsáveis por atos relevantes na vida de muitos buritienses.
ResponderExcluirConto com a ajuda do meu escritor preferido: Fiódor Dostoiésvski para lembrar de um amigo, o Garrincha de Buriti, jogador irreverente, habilidoso e de um sorriso fácil: "Conhecemos um homem pelo seu riso, se na primeira vez que o encontramos ele ri de maneira agradável, o íntimo é excelente", assim era o FERREIRA, o MANOEL.
Uma torcida de lembranças entra num campo vazio..., cadê você, cadê você...
E para os GONÇALVES, o nosso maior poeta: Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá, lá trabalhou um grande homem chamado Valdemar.
Amei o texto, me fez lembrar da minha velha infância, apesar de não ser contemporânea do sr. Djalma, mas lembro-me de grandes figuras históricas da nossa Velha Buriti... da pracinha matriz, do "bença padre Júlio", do sr. Caneco em seu cavalo, entregando cartas, avô do redator deste Correio, e tão mais recente, do sr., esqueci o nome rsrs mas ele vendia suquinho nas ruas e nos estádios e que "picolé" gostoso, principalmente o de coco... Seu semblante lembro direitinho, mas o nome me fugiu da memória... E tantas outras figuras... Se a gente pudesse voltar, oh, SAUDADES da velha infância...
ResponderExcluirLembrei o nome rsrs, sr. Thiago.
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