Desde
garoto aquele ancião, agora Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo, de cabelos
brancos e de caminhar lento, igual aquele da melodia do Rei Roberto Carlos, cumprimentou-me
em uma manhã primaveril e começou o seu lamento, ao interrogar-me se eu lembrava
das inúmeras festas de Aniversários da família dele, das Festas das debutantes,
dos Batizados, das Vitórias em Vestibulares, das Formaturas, das Núpcias, das
Bodas e das Confraternizações de fim Ano e de Ano Novo.
Os
Seus olhos estavam marejados de pranto.
Entre
preocupado e aflito, respirei fundo, mantive a calma e respondi-lhe tentando
reanimá-lo: e como alguém esqueceria, meu amigo, VOCÊ sempre foi um Menestrel
especial, superior aos da Roma antiga, você não era um mero recitador de versos
e poesias de outros, os seus discursos eram improvisados, no momento das emoções,
graças a sua verve maravilhosamente nata e produtiva!
Ele esboçou um leve sorriso e disse que eu era mesmo muito bondoso passando então a relatar o seu sofrimento. Ah, meu amigo, o tempo é realmente um grande sábio! Você sabe que fui professor por muitos anos, tornei-me com muito esforço um razoável advogado e nesta condição atuei há mais de QUARENTA ANOS, trabalhei para muitos amigos, para muitas pessoas da minha família, da família da mulher com a qual casei, tudo pelo valor da amizade e do AMOR a todas elas. Vivi lutando para manter a harmonia e a alegria com as quais me inseri no ambiente familiar e, com todos os percalços que encontrei, continuei acreditando que conseguiria superar os desencontros da vida conjugal, pois eu era PAI orgulhoso de três filhos e de quatro filhas, que eu AMAVA e tinha a certeza de que era Amado por eles e por elas na mesma proporção.
Continuei
a ouvi-lo sem interrompê-lo e ele continuou a contar-me a sua história.
Resisti
até um pouco além do meu limite de tolerância que eu imaginava ser maior,
todavia, as agruras que eu enfrentei em razão do temperamento beligerante da
minha companheira, venceram-me. Decidi que, com todos os meus defeitos, na
condição de ser humano falível, eu não deveria continuar sofrendo e fazendo
sofrer os meus filhos e filhas. Separei-me da minha família por entender ser o
melhor para todos nós.
Passei
então a ser fustigado pela sanha maldosa da ex - esposa, que passou a
disseminar uma história cheia de rancor e de ódio no meio da família dela e dos
nossos amigos, visando destruir o único liame que ainda nos ligava, as
criaturas originadas da nossa Convivência, pois restou provado que o Amor
inexistiu em reciprocidade.
Os
filhos se dividiram, exatamente um casal resolveu aceitar como VERDADE, os
argumentos da mãe. Os demais não deixaram de manter o respeito e o amor filial
a ela, todavia entenderam que não lhe assistia razão e não deram guarida às
alegações dela inclusive perante os nossos parentes e os nossos amigos, meus e
dela.
Embora
não tendo abandonado os nossos filhos, as nossas filhas e ela própria, mantenho
até hoje os meus deveres no que concerne ao padrão econômicos e financeiro de
todos eles, tive de sair de casa, deixando tudo o que lutei para construir além
da minha reputação, o nosso RECANTO de um futuro de Paz e de VIDA, cercado de árvores
frutíferas de variadas espécies, o sonho de todos os seres humanos normais.
Passei
a ter uma convivência física incompleta com os meus amados filhos e as minhas
amadas filhas, em espaços de tempo reduzidos, todavia graças ao milagre da
tecnologia da comunicação, virtual e espiritualmente diário, o que ameniza o
meu sofrer, a minha saudade.
Ainda
ATIVO profissionalmente, o meu trabalho é outro lenitivo que me estimula a
prosseguir a minha Jornada terrena até o seu termo.
Sinto,
no entanto, um abandono injusto e uma dor enorme ao constatar que todos aqueles
vivas, aqueles aplausos, aqueles agradecimentos que recebi outrora, eram falsos
, porque todos conheciam o meu padrão comportamental e o da minha companheira,
que era diametralmente oposto e até se admiravam da longevidade da nossa
tumultuada vida conjugal.
Resolvi
imiscuir-me na conversa, tentando mitigar o sofrimento do meu amigo, e como se
estivesse possuído de um poder mágico, comecei a reanimar o meu amigo Hermano
Satúrnio, afirmando que ele estava enganado, Ninguém o esqueceu, Você deixou
marcas em todas as pessoas que ouviram as suas divinas preleções, as suas obras
de arte perfeitas, os discursos fenomenais que encantaram a todos quanto
tiveram a graça de ouvi-los, de aplaudi-lo vibrantemente. Eu estive presente em
quase todas as suas apresentações e não as esqueci. Eu vi o entusiasmo dos que
o assistiram, Você foi e tenho a convicção de que ainda é uma MENTE brilhante.
Ele
retirou um lenço azul do bolso da sua calça, enxugou os olhos e o rosto, me
pediu um abraço e agradeceu com um sorriso. Emocionei - me e disse a ele: Meu
dileto amigo HERMAMO SATÚRNIO, pelos seus incontáveis e ENCANTADOS Discursos
que eu ouvi e com os quais aprendi muito, pela honra de ser seu Amigo, eu o
homenageio com o Título de O MENESTREL MENOSPREZADO MAIS INESQUECÍVEL que eu
conheci.
Ele
se refez da surpresa e falou firme: Obrigado eternamente, meu amigo. Prometo a
Você, que vou continuar VIVENDO e quem sabe ainda vou escrever as MEMÓRIAS DE
UM MENESTREL.
SOBRE O AUTOR
É buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti.
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