Ainda do meu relicário,
mais um fato pitoresco da minha infância na minha Buriti querida, trazendo uma
história real de um Assédio Sexual praticado por um Macaco contra um Humano. Na
nossa cidade não existia rede de distribuição de água encanada. Nós os garotos,
jovens e até adultos que trabalhavam para algumas famílias, naqueles anos,
éramos os encarregados pelo abastecimento de água potável do Rio Tubi e de água
de poços construídos manualmente, para limpeza de louças, panelas, colheres,
talheres, lavagem de roupas , de cama e mesa, para o banho corporal, bebida e
lavagem dos animais, além de aguar plantas em geral, incluindo canteiros. Quem
não tinha poço, era socorrido solidariamente por quem possuía. Havia uma união
fraterna admirável.
Na nossa Casa éramos
oito netos em idade laborativa e um sobrinho do meu avô Pio, por ele adotado,
que era meu Compadre de Fogueira, três anos mais velho do que eu, quem cuidavam
deste serviço, pesado, todavia prazeroso . Meu compadre Agenor, bom de serviço,
mas muito rude, como diziam meu avô e minha avó Constância, nunca aprendeu sequer
o famoso ABC.
Tínhamos um poço em
nossa Casa, com bastante água para todas as necessidades, exceto para beber,
era salobra e um certo dia, depois de uma FORTE chuva, esbarrerou a sustentação
da gangorra com a qual puxávamos o balde com água para enchemos os depósitos .
Meu avô contou o ocorrido para a doutora Judith Pacheco, promotora de Justiça
de Buriti naquela época e pediu-lhe permissão para servir-se da água do seu
poço, cuja casa ficava próximo à Casa Paroquial, do outro lado da Praça Matriz
e de frente da nossa Casa, enquanto era executado o serviço de reparo do nosso
poço. Ela gentilmente disponibilizou o seu poço e nós começamos a nos servir.
A promotora Judith
criava com muito apego um MACACO PREGO, daqueles TOTALMENTE sabido e SAFADOOOOO.
No terceiro dia, fui eu e o AGENOR buscar água no mencionado poço e tudo ia bem
até que o MACACO apareceu e se engraçou logo do meu compadre. Foi
carinhosamente para cima do beiral do poço e passou a alisar o braço do meu
compadre e logo em seguida, assobiando muito sorridente se agarrou pela sua
costa e começou a TENTATIVA de ESTUPRO, deixando-o raivoso e querendo bater no
Tarado macaco. Eu intervi prontamente, puxei o Meliante com jeito e tentei
acalmar o Vulnerável compadre, que não se conformava com o assédio daquele
trapalhão pecaminoso.
Voltamos para casa e no
dia seguinte fomos novamente buscar água no mesmo local, tudo tranquilo. Enchi
a minha lata, sai e AGENOR ficou enchendo a dele. O MACACO não tinha aparecido,
então fui logo na frente, para não me atrasar para a aula no Grupo Escolar
Antonio Faria. Inesperadamente o Macaco apareceu, com o mesmo ARDENTE desejo
pelo AGENOR e partiu para a ação. Agenor havia levado no bolso duas pimentas
Malagueta grandes e já aberta e deu para o SEDUTOR, que pegou as pimentas e
resolveu passar exatamente no furioso Pênis. A doutora Judith já havia saído
para o trabalho, mas a sua empregada estava em casa e vendo a situação do
Namorador, ainda alcançou a vítima AGENOR e o admoestou, passando a socorrer o
galanteador afobado.
Em seguida, a empregada
Chiquinha vendo a aflição do MACACO, foi comunicar ocorrido para a promotoria
que imediatamente passou na Botica/Quitanda do Senhor Clodoaldo e já levou o
remédio para aliviar o incômodo do seu Mimoso Totó, era esse o nome do
gostosão. Depois de medicar o Totó, ela, acompanhada da sua fiel Chiquina e
testemunha da vingança de Agenor, se dirigiu para a nossa Casa e contou o
ocorrido para o meu Avô, que ao ser informar da notícia e saber contra quem era
a acusação, apresentou pedido de desculpas e comprometeu-se com a doutora
Judith de corrigir o autor do Crime de Maltrato a animal .
Esclareci o que sabia e
fui além, dizendo que o meu compadre AGENOR havia errado, no entanto, de acordo
com a dificuldade de raciocínio dele, entendia que o MACACO estava errado,
querendo fazer dele uma MACACA ou uma Menina e ele era Homem e na verdade, a
promotora também não estava certa em criar um Macaco solto que além de Saliente
poderia atacar as pessoas com mordidas ou arranhões . PAPAÉ(meu avô) ficou me
olhando sério por um instante e em seguida sorriu e disse-me : gostei da defesa
em favor do nosso parente ! Chamou o AGENOR e ficou com o semblante muito sério
dizendo: Cabra sem Vergonha, eu tenho duas pimentas para esfregar na tua Piroca,
passa pra cá! AGENOR passou a chorar e eu fiquei na frente dele, olhando para a
Palmatória, daquelas com um furo no meio . Pedi ao meu Avô, dê só um Bolo nele,
ele pensou que estava certo!
PAPAÉ me puxou para um
ABRAÇO, chamou o meu Compadre AGENOR e mandou que ele ficasse na minha frente.
Ele atendeu e meu Avô entregou-me a Palmatória, sorriu e falou: SÓ UM! Eu tomei
a mão do AGENOR, levantei a Palmatória e ameacei baixá-la com muita FORÇA. Ele
fechou os olhos e eu pus o cabo dela na sua Mão. PAPAÉ nos abraçou, fez uma
exortação sobre a nossa AMIZADE e sobre como tratar os animais, os domésticos e
os selvagens. Assim terminou aquele quase crime, com o autor perdoado pelo seu
diminuto entendimento, previsto na legislação penal brasileira que eu aprendi
muitos anos depois, na Saudosa Faculdade de Direito da Universidade Federal do
Maranhão.
AGENOR VASCONCELOS
PASSOS, é hoje um Idoso e dono de um Restaurante modesto, na Rua da Bandeira,
de onde tira honestamente o sustento para si e para a sua Família.
Meu INESQUECÍVEL Avô
Ângelo Pio Passos, eu o Homenageio com o Título Simbólico de o Meu REI SALOMÃO
FAMILIAR BURITIENSE!
SOBRE O AUTOR
É buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti.
Comentários
Postar um comentário
O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem. Ofensas pessoais, mensagens preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, ou ainda acusações levianas não serão aceitas. O objetivo do painel de comentários é promover o debate mais livre possível, respeitando o mínimo de bom senso e civilidade. O Redator-Chefe deste CORREIO poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.