*Por Benedito Ferreira Marques
A CAMPANHA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O RIACHO “TUBI”
“Todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem do uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e furas
gerações” (Constituição
Federal, artigo 25).
Recebi com indescritível alegria e desmedido
entusiasmo a notícia da Campanha de
Educação Ambiental em minha terra natal, Buriti-Maranhão, com abertura
solene no dia 27 de junho deste ano (2023), com a presença de destacadas
autoridades estaduais e locais, parceiros desse auspicioso projeto. Particularmente, senti-me lisonjeado com a
referência pessoal ao meu nome, feita pelo conterrâneo Aliandro Borges, Presidente da Academia Buritiense de Artes, Letras
e Ciências – ABALC, em discurso eloquente, convincente e oportuno, que causou grande
repercussão. Agradeço-lhe pelo registro e pela referência
elogiosa, sobretudo por me encontrar ausente. O “Projeto Moita”, em
Barro Branco, dá os primeiros passos e se compõe de outras ações, além do
replantio de árvores nativas da chapada desmatada. Uma cerca viva com ipês (em
cores amarela, branca e roxa) e eucaliptos nas linhas do perímetro já
piquetados é uma dessas ações, além da trilha ecológica para ciclistas e
pedestres. Oxalá dê certo!
Desconheço a
programação que, segundo se informa, se estenderá por um ano, e que conta com a
parceria do Campus da Universidade
Federal do Maranhão, em São Bernardo (MA) e com a do Ministério Público
maranhense e de outros órgãos e entidades. A perspectiva, portanto, é de que
muitas haverá muitas ideias a serem expostas e sustentadas, o que
faz presumir que muitas ações afirmativas
serão desencadeadas, com recursos alocados pelos Poderes Públicos e com outros
da iniciativa privada conscientizada, tudo com real proveito para o coletivo.
Afinal, os desafios são visíveis e os prognósticos ainda não tanto. Ensaios
isolados, aqui, ali e acolá, serão válidos, mas não suficientes, a menos que
produzam a almejada conscientização ambiental.
Nesse sentido, vejo dois óbices que precisam ser superados ou ao menos neutralizados:
(1) a ideia egoísta (de verniz marcadamente capitalista em contraponto com o espírito
de solidariedade) do proveito próprio
imediato (“o que ganho com isso?”) e (2) “isso é problema dos governos”.
Lamentavelmente, essa mentalidade existe, de fato.
A transcrição do texto constitucional no
frontispício deste artigo tem o propósito de realçar a corresponsabilidade entre
o Poder Público e a coletividade. Não há que se atribuir
toda a responsabilidade pela preservação do meio
ambiente. A alocução “... impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e furas
gerações” não é
vazia, muito menos “letra morta”. Há um brocardo, segundo o qual “a lei não
contém palavras inúteis”. Incorporo-o neste texto com a necessária convicção e
endereço.
Nessa linha de compreensão, considero
providencial a elaboração de uma cartilha ou um glossário com noções
básicas sobre os conceitos de meio ambiente, ecologia, preservação,
conservação, sustentabilidade, resíduos sólidos, matas ciliares, áreas degradadas,
desertificação, savana, muvuca, agrotóxicos etc. São palavras repetidas
e diariamente ouvidas na mídia, mas não creio que todos entendem os seus
significados. Isso faz parte da educação ambiental. Fica a sugestão e com a
recomendação para a distribuição em massa, sobretudo para os 10mil estudantes.
Se for o caso, até para aplicação em provas.
Também considero - mesmo de longe (Goiânia-GO), sem poder estar
presente fisicamente -, de salutar importância uma desafiadora cruzada
cívica de recuperação do riacho TUBI.
Reconheço que não será uma tarefa fácil, mas não impossível. Não é impossível,
porque acredito nos estudantes e na liderança dos seus professores. As informações
que tenho são de que o Município de Buriti tem um contingente de 10 mil
estudantes, sendo 60% na zona rural e 40% na sede. Portanto, 4mil estudantes e,
certamente, centenas de abnegados professores. Esses estudantes são a geração
de hoje que se projeta para futuras gerações. Para além de suas
responsabilidades, têm o civismo pulsante, o entusiasmo contagiante, alimentado
pela esperança pujante. Não foi sem motivo que, em artigo anterior, incentivei
a organização imediata de grêmios nas
escolas, porque assim foi a minha formação desde os tempos de ginásio até na
vida universitária. Essa juventude precisa apenas de estímulos de seus
professores e dos seus pais. É preciso explorar os seus talentos natos. Os
grandes líderes foram forjados na militância estudantil.
A revitalização do riacho “Tubi”, em
particular, não uma aspiração apenas de gerações envelhecidas, mas também tem importância
indiscutível para as atuais gerações, para a saúde da cidade em seus contornos
urbanísticos. Não posso esconder, nem me acanho em lembrar os meus tempos
infanto-juvenis dos anos 50 do século passado, em que, com meus irmãos e amigos
contemporâneos, banhávamos em águas limpas que desciam das nascentes do Tubi e
da Bica, que escorregavam a jusante, regando quintais emendados, povoados de
carás, piabas, piaus, mandis, sarapós, traíras, cascudos e tantas outras
espécies da fauna aquática. Águas que acolhiam mangas e cajás caídos, à farta,
azeitonas e pitombas em bacias sobejas, goiabas e marmeladas, juçaras e buritis
...Ah! Quantas saudades!
Agora, a poluição visível que
dificulta a passagem daquelas águas correntes; que exala odor desagradável; que
afugenta os peixes e espanta as aves ribeirinhas; que escasseia as frutas de
outros tempos; agora ...agora só resta o desafio instigante, o suspiro de “fazer
o quê”; as lágrimas de desalentos! Mas nem tudo está perdido. Basta que a
educação ambiental que se almeja, dessa alvissareira campanha educativa atinja a
todos e possamos sonhar com a arregimentação desejada de todos, numa cruzada
cívica, com o Poder Público e a Sociedade civil organizada (ABALC,
AMIB, comunidades religiosas e voluntários, todos de mãos dadas, em mutirões de
fins-de-semana, protegidos de vestimentas adequadas e calçados protetores, e com
alimentação acolhedora das proprietários dos quintais beneficiados. Um sonho? Sim, um sonho de voltar a ver
o velho TUBI d`outrora, limpo e repovoado de peixes buliçosos. Sinto-me como se
estivesse no alto do “Tombador”, no topo da serra, num grito de guerra: VAMOS. Quem
sabe?! De minha parte, estou a postos; não poderei negar o meu contributo
cívico. Mãos à obra!
OUSAR
É PRECISO. AVANÇAR É NECESSÁRIO. SONHAR É POSSÍVEL.
SOBRE O AUTOR

- Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Maranhão (1967); cursos de Especializações (Direito Civil – Direito Agrário e Direito Comercial) e Mestrado em Direito Agrário, todos pela Universidade Federal de Goiás; Doutorado em Direito, pela Universidade Federal de Pernambuco; Professor de Direito Civil, na PUC-Goiás (1976-1984) e de Direito Civil e Direito Agrário (Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás /UFG (1980-2009). Advogado do Banco do Brasil (1968-1990). Diretor da Faculdade de Direito da UFG (2003-2005) e Vice-Reitor da UFG (2006-2010). Autor de livros jurídicos e não jurídicos (15) e de artigos científicos em revistas especializadas. Conferencista e palestrante em congressos, seminários e simpósios. Tem outorgas de títulos de “Cidadão Pedreirense” (1974), “Cidadão Goiano” (2007) e “Cidadão Goianiense” (1996), além de dezenas de medalhas de honra ao mérito. Pertence ao Quadro de Acadêmico-Fundador da Academia Buritiense de Artes, Letras e Ciências – ABALC, onde ocupa a Cadeira nº6, que tem como Patrono Plínio Ferreira Marques. Colabora com artigos e crônicas para o “Correio Buritiense”.
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