PREFEITO DE BURITI EXONERA COMANDANTE DA GCM E EXPÕE FRAGILIDADES NA GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA MUNICIPAL
A Prefeitura de Buriti (MA) oficializou, nesta
terça-feira 7/10, a exoneração do comandante da Guarda Civil Municipal (GCM),
Edmilson Pontes de Carvalho. A decisão foi publicada no Diário Oficial da
FAMEM nº 3702/2025, por meio da Portaria Municipal nº 188/2025/GAB,
assinada pelo prefeito André Augusto Kerber Introvini, conhecido como André
Gaúcho.
A medida ocorre em um momento de desgaste
político e institucional para a corporação, sobretudo após o episódio que
envolveu um guarda municipal acusado de assassinar o então secretário de
Infraestrutura do município, fato que abalou a cidade e trouxe à tona críticas
sobre a condução da segurança local.
Fontes internas da GCM, ouvidas sob condição de
anonimato, apontam que a própria nomeação de Edmilson para o cargo de
comandante já teria se dado de forma questionável. A Lei Municipal nº 712/2022,
que reestruturou e reorganizou a GCM, determina em seu artigo 17 que a escolha
do comandante deve ocorrer a partir de uma lista tríplice elaborada pelos
integrantes da corporação, com no mínimo seis anos de carreira.
CLIQUE AQUI PARA LER A ÍNTEGRA DA LEI MUNICIPAL nº 712/2022
No entanto, segundo os relatos, o processo não
teria seguido esse rito legal, reforçando a tese de que sua indicação foi uma decisão
política direta do prefeito, sem respaldo técnico ou institucional. Além disso,
críticas também recaem sobre a falta de cursos qualificatórios adequados para
que o ex-comandante assumisse a função, o que fragilizaria sua legitimidade
frente à tropa.
A
ausência da Corregedoria
Outro ponto levantado pelas fontes é a inexistência
prática da Corregedoria da GCM, setor que, conforme o artigo 12 da mesma lei,
deveria atuar na defesa dos interesses individuais e coletivos da corporação,
investigando abusos e corrigindo irregularidades
A ausência desse órgão de controle interno
agrava a crise, pois retira da instituição um mecanismo essencial de
fiscalização e transparência, deixando a tropa vulnerável a interferências
políticas e a casos de abuso de autoridade sem investigação adequada.
Com a exoneração, a Guarda Municipal de Buriti
segue, por enquanto, sem comando definido, o que acentua a instabilidade
administrativa em um setor que deveria zelar pela ordem pública e colaborar com
a segurança do município.
A decisão do prefeito André Gaúcho abre uma
série de interrogações: estaria a exoneração diretamente ligada ao desgaste
provocado pelo crime envolvendo o guarda municipal? Ou seria uma tentativa de
recompor politicamente a imagem do governo diante das críticas à condução da
segurança?
A saída do comandante da GCM não é apenas uma
troca de nomes: ela revela a fragilidade da gestão municipal no trato com a
segurança pública, algo há tempos denunciado por este CORREIO e seu redator Aliandro
Borges. Quando escolhas políticas se sobrepõem às exigências legais — como a
lista tríplice prevista em lei — o resultado é uma corporação vulnerável,
desestruturada e exposta a crises.
Buriti-MA, que enfrenta desafios históricos em áreas como educação, saúde e infraestrutura, agora se depara também com a necessidade de reconstruir a confiança na sua Guarda Municipal. O futuro do comando da GCM dependerá não apenas da caneta do prefeito, mas da capacidade da gestão de respeitar a legislação e garantir transparência, profissionalismo e preparo técnico aos que ocupam cargos de tamanha responsabilidade.

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