Chávez beneficiou mais de 1,7 milhão de americanos com a distribuição de
petróleo para aquecimento nos últimos oito anos
*Extraído de O Estado de S.Paulo
A seis quilômetros da Casa Branca, um antigo casarão de Washington
funciona como abrigo para pessoas pobres sem receber nenhum centavo do governo
americano. Administrado pela Dorothy Day Catholic Worker (DDCW), organização
afinada com a esquerda e a Teologia da Libertação, ele se manteve aberto nos
últimos seis anos graças a doações de Caracas.
Lá, o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez é aclamado como "uma luz brilhante para os pobres".
Fosse para tripudiar, provocar ou constranger o governo dos EUA, Chávez
beneficiou mais de 1,7 milhão de americanos pobres com a distribuição gratuita
de petróleo para aquecimento nos últimos oito anos. O bairro do Bronx, em Nova
York, foi um dos locais beneficiados, assim como o casarão de Washington.
"Chávez trabalhou pelo povo
ignorado e explorado por muito tempo. Damos as boas-vindas à generosidade do
povo venezuelano e somos muito gratos",
afirmou ao Estado Kathy Boylan, responsável pela DDCW.
Aquecimento. Pelos 13 quartos do casarão, passaram salvadorenhos e
guatemaltecos, nos anos 80, assim como americanos atingidos pelas crises
econômicas e por famílias desfeitas. Atualmente, cinco mulheres, duas das quais
de origem etíope, estão ali com suas nove crianças. A contrapartida exigida
pela DDCW é a obrigação de estudar ou de trabalhar.
Desde 2006, o aquecimento da casa no inverno é garantido total ou
parcialmente pela refinaria Citgo, da estatal PDVSA. A doação é intermediada
pela Citizens Energy Corporation (CEC), organização fundada e dirigida pelo
ex-deputado Joe Patrick Kennedy, filho do ex-senador Robert e sobrinho do
ex-presidente John F. Kennedy. A CEC distribuiu nos EUA mais de 700 bilhões de
litros de petróleo da Citgo.
A CCDW recebeu, nos últimos seis anos, um total de 35 mil litros de
petróleo. O insumo para aquecimento interno custaria US$ 27,6 mil, caro demais
para um lugar que vive de doações individuais em dinheiro e em alimentos. Por
isso, Kathy releva as críticas do governo americano ao regime bolivariano.
"Sabemos dos crimes cometidos
pelos EUA em países como Argentina, Chile e do apoio do governo americano a
regimes autoritários e corruptos", disse Kathy, ao
ser questionada sobre o perfil autoritário imposto por Chávez na Venezuela.
"O presidente Chávez se preocupou
profundamente com os pobres da Venezuela e de outras nações e com a falta de
itens de primeira necessidade para eles, enquanto alguns dos povos mais ricos
do nosso planeta têm mais dinheiro do que eles podem gastar."
Ajuda humanitária. Comprada pela PDVSA no final dos anos 80, a refinaria
Citgo tornou-se o principal braço da generosidade bolivariana nos EUA. O
universo alcançado pela sua ajuda, entretanto, é tímido. Nos EUA, 46,3 milhões
de pessoas vivem na pobreza, segundo dados oficiais. Apesar do impacto modesto,
nem sempre a generosidade de Caracas foi bem-vinda.
Em 2005, depois da trágica passagem do furacão Katrina pela cidade de
New Orleans, Chávez ofereceu US$ 5 milhões em ajuda humanitária e para a
reconstrução das áreas destruídas e mais 1 milhão de barris de petróleo.
A Citgo se propôs a doar mais US$ 2 milhões para o socorro das vítimas.
O governo de George W. Bush, amplamente criticado por não ter preparado a
retirada dos moradores da região e por ter demorado no socorro às vítimas,
rejeitou a ajuda da Venezuela.
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