*Por Repórter da Agência Brasil
O Brasil terá
que aumentar em até três vezes o valor investido por aluno na rede pública para
garantir educação com padrões mínimos de qualidade, de acordo com a Campanha Nacional pelo Direito à Educação,
rede que reúne mais de 200 organizações. Esse cálculo significa R$ 37 bilhões a
mais no sistema educacional público, que engloba 40,7 milhões de matrículas.
A
etapa educacional que mais necessita de investimentos é a creche, que atende a
crianças até 3 anos de idade. O valor ideal seria R$ 10 mil por aluno para o
atendimento em tempo integral. Atualmente, segundo
dados divulgados pela campanha, são gastos R$ 3,3 mil, com base nos valores do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb).
O
investimento calculado pela campanha corresponde ao Custo Aluno-Qualidade inicial (CAQi), instrumento criado pela
própria organização e incorporado ao Plano Nacional de Educação (PNE). O CAQi define quanto deve ser aplicado
para cada aluno ter acesso a uma educação com um padrão mínimo de qualidade. Entram no cálculo recursos para infraestrutura, materiais
e equipamentos, além do salário dos professores.
A
implantação do Custo Aluno Qualidade (CAQ) faz parte das estratégias para
alcançar o investimento de pelo menos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em
educação até 2024. Pela lei, o CAQi deve ser implementado em até dois
anos de vigência da lei, no final de junho de 2016. Atualmente, o investimento
é de 6,6% do PIB.
Valores
A tabela
divulgada pela campanha atualiza os valores para todas as etapas de ensino.
Entre as matrículas em tempo integral, na pré-escola, o valor por aluno deveria
ser R$ 5 mil, contra os atuais R$ 3,3 mil; no ensino fundamental e no médio, R$
4,8 mil, contra R$ 3,3 mil atuais. A educação indígena e quilombola deveria
subir dos atuais R$ 3,1 mil para R$ 6,1 mil por estudante.
“Os dados mostram que as matrículas que o Brasil
menos investiu ao longo da história, como creche, educação quilombola e
indígena, demandam mais recursos”, diz o
coordenador geral da campanha, Daniel Cara. Ele acrescenta que, além das
matrículas existentes, o Brasil tem de incluir 2,8 milhões de crianças e jovens
na escola e isso custará mais de R$ 13 bilhões nos anos iniciais para garantir
a infraestrutura e R$ 13 bilhões a mais por ano para manter esses alunos.
“Os dados trazem a clareza de que praticamente
todas as matrículas do Brasil, salvo os estados
mais ricos, precisam de complementação da União para atingir um padrão mínimo
de qualidade. Essa é uma agenda que vai ter que ser discutida”, diz.
Dados do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
de 2014, obtidos por requerimento de informação pelo senador Randolfe Rodrigues
(PSOL-AP), mostram que a União contribui com 18%,
os estados, com 40%, e os municípios, com 42% do investimento direto
aplicado em educação.
Para o
cálculo do CAQi, a campanha usou os recursos previstos em parecer do Conselho
Nacional de Educação (CNE) de 2010, que não foi homologado pelo Ministério da
Educação (MEC). O documento final da Conferência Nacional de Educação (Conae),
que reuniu especialistas, organizações e Poder Público, estabelece que o CAQi
seja regulamentado nos moldes do parecer do CNE.
O MEC, no
entanto, discute o CAQi e o CAQ em grupo formado por secretarias da pasta, pelo
Inep e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Em junho, à Agência Brasil, o
secretário de Articulação com os Sistemas de Ensino do MEC, Binho Marques,
disse que o grupo levanta dados sobre insumos e custos da educação básica e que
o CAQ poderá não seguir exatamente o que está no parecer do CNE. Até setembro,
o trabalho do grupo deverá ser colocado em discussão.
Comentários
Postar um comentário
O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem. Ofensas pessoais, mensagens preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, ou ainda acusações levianas não serão aceitas. O objetivo do painel de comentários é promover o debate mais livre possível, respeitando o mínimo de bom senso e civilidade. O Redator-Chefe deste CORREIO poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.