De
acordo com a PF, esquema investigado envolvia agente federal e blogueiros que
utilizariam da prática de extorsão a políticos e empresários investigados pela
Polícia Federal. Delegado diz que esquema movimentava até R$ 10 mil. Um
policial federal e três blogueiros foram presos temporariamente. Outros cinco
blogueiros também foram conduzidos coercitivamente para depor à PF.
Coletiva Polícia
Federal no Maranhão (Foto: O Estado do Maranhão)
A operação da Polícia Federal no
Maranhão que resultou na prisão temporária de quatro pessoas nesta terça-feira
(21), em São Luís, apontou a existência de três grupos
inter-relacionados (blogueiros, servidores públicos e empresários), tendo um
agente da Polícia Federal como figura central da organização criminosa composta
por servidores públicos e blogueiros.
Segundo decisão do juiz federal José Magno Linhares
Morais, a prisão temporária do agente da Polícia Federal Danilo dos Santos Silva e dos blogueiros Luís Assis Cardoso Silva
de Almeida (Luís Cardoso), Luís
Pablo Conceição Almeida (Luís Pablo)
e Hilton Ferreira Neto (Neto Ferreira)
foi necessária para evitar que houvesse o risco de ocultação, destruição e
falsificação de provas, assim como combinação fraudulenta entre os
investigados.
Eles foram apontados pela investigação da Polícia
Federal como líderes da organização criminosa responsável por
extorsões, corrupção ativa, crimes contra a honra contra empresários, políticos
e pessoas da alta sociedade. De acordo com a decisão do MPF, os três
blogueiros e o policial federal deveriam ficar presos provisoriamente por cinco
dias no Quartel do Corpo de Bombeiros em São Luís.
No entanto, por telefone, a juíza da 1ª Vara de
Execuções Penais Ana Maria Almeida Vieira disse a nossa reportagem que o Corpo
de Bombeiros é destinado apenas aos presos de instituições militares, o que não
é o caso. Por isso, os detidos na Operação
Turing serão encaminhados para o Complexo de Pedrinhas, seguindo
determinação da VEC.
As investigações apontam que o esquema movimentou
vantagens pecuniárias que variavam entre R$ 1.500 e R$ 10 mil por postagem.
Havia casos em que a postagem deliberadamente vinculava protagonistas da
notícia a parentescos com políticos, às vezes muito distante. Tudo com objetivo
de fazer chantagem.
“O grupo tem uma atuação
variada. Já se comentava na cidade que eles tinham esse modo de vida, e
costumavam praticar extorsões a partir de publicações contra imagem de pessoas.
Percebemos uma predileção por grandes empresários e por pessoas politicamente
expostas”,
afirmou o delegado Max Eduardo Pinheiro, chefe do Núcleo de Inteligência
Policial do Maranhão durante coletiva realizada na sede da PF.
Nas investigações foi utilizada interceptação
telefônica, assim como foram realizadas diligências de campo e até mesmo
imagens captadas em um motel, onde o grupo se reuniu para discutir ações. “Tudo esse material comprova o dolo do
crime”, enfatizou o delegado.
Os nomes dos envolvidos foram divulgados para a
imprensa para informar a população e levar a população a conhecer e até mesmo
para encorajar que outras vítimas compareçam à PF e denunciem os investigados. “Nós conclamamos que a imprensa, que atua efetivamente
como imprensa, que atua para informar, tem o direito de informar, a população
de conhecer e até mesmo encorajar as vitimas para procurar a policia para
relatar os fatos dos quais foram vítimas”, finalizou o delegado.
GRUPO SECUNDÁRIO
O MPF ainda constatou que o grupo de Danilo e Luís
Cardoso contava com a participação secundária de outros blogueiros como:
Antonio Marcelo Rodrigues da Silva (Marcelo
Minard), Ezequiel Martins da Conceição (Kiel Martins), Antônio Martins Filho (Nego John), Marcelo Augusto
Gomes Vieira e Yuri dos Santos
Almeida, que foram conduzidos coercitivamente para prestarem depoimentos na
sede da Polícia Federal, na Cohama.
A Polícia Federal também realizou 12 mandados de
busca e apreensão nos endereços utilizados pelos citados na investigação e na
execução da Operação Turing, cientista e matemático britânico responsável pelo
desenvolvimento de uma máquina utilizada durante a Segunda Guerra Mundial,
capaz de interceptar e decodificar dados criptografados transmitidos pela máquina
Enigma.
INÍCIO DE INVESTIGAÇÃO
Estes, por sua vez, ameaçavam funcionários públicos
e empresários, e pediam valores em troca da não divulgação na mídia local dos
fatos descobertos em desfavor deles.
Os investigados aproveitavam a oportunidade para
fugirem ou destruírem provas. Em troca, o servidor público conseguia
publicações na imprensa em seu favor, permitindo sua inserção em cargos de
confiança do Estado.
Danilo dos Santos Silva chegou a assumir a função
de Secretário Adjunto da Administração, Logística e Inovação Penitenciária. Ele
foi exonerado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) no último dia 10 de março.
(Do G1 MA)
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