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COLUNA UM OLHAR LITERÁRIO DE BURITI: Horocídio Marques - seu legado cultural e familiar exemplar


O blog iniciou no domingo 17 de março deste ano, esta série especial, onde são publicados textos sobre a vida de poetas, escritores, críticas de livros referentes à Buriti de Inácia Vaz, através do escritor e poeta Francisco Carlos Machado,  autor de sete livros já publicados.
Na COLUNA UM OLHAR LITERÁRIO DE BURITI de hoje, domingo 21/4, uma breve crítica sobre a autobiografia de Horocídio Marques, líder exemplar da família Ferreira Marques, cujo legado moral e cultural orgulha os buritienses. Veja abaixo.
Horocídio Marques - Seu legado cultural e familiar exemplar

*Por Francisco Carlos Machado
Embora o número de escritores e poetas oriundos da cidade de Buriti não seja grande, na mesma, porém, existe a maior produção de escritos editados na e sobre a região por seus literatos.  Existindo também algumas obras engavetadas, anônimas até, as quais - para enriquecimento da história, a cultura, educação da cidade e região - se deveria fazer maiores esforços, dando os estímulos precisos para temos mais publicações.
Destacamos entre as produções buritienses os gêneros literários de biografias, autobiografias e poesia. Os dois primeiros gêneros citados: as histórias de vida de um personagem da cidade contadas por outro (como a vida de Oswaldo de Farias) e as histórias de vida narradas pelas próprias pessoas, como a de José Faria, irmão de Felinto e Oswaldo de Faria, publicado em 1990; também as bem escritas autobiografias de Raimundo Marques (Do Riacho ao Mar) e de seu pai Horocídio Marques, “80 anos – Minha Vida! Meus Filhos! Meu Mundo!”, lançado em primeira edição em 1995; tendo segunda edição em 2012 com novo título “Horo Mar – Vidas por Vidas”.
As biografias e autobiografias são fontes para se conhecer a história pessoal, como social de um lugar. Pierre Bourdier, sociólogo francês, num ensaio sobre biografias, as define como acontecimentos com colocações e deslocamentos no espaço social, de posições ocupadas por indivíduos biológicos “socialmente instituídos”, inquirindo seu objetivo, valor e o sentido delas serem escritas.  Logo, ao citarmos essas considerações, vemos na autobiografia de Horocídio Marques, publicado pelo autor em 1995, no completar de seus 80 anos, subsídios que sustentam as afirmações, pois sua obra, não apenas deseja o querer memorizar na história fatos e acontecidos de seu mundo e sua vida, mas, principalmente, mostrar o que fez e viveu para concretizar seus grandes projetos de vida: a construção de um lar e uma família digna, com base moral e intelectual que forjasse que sua prole alcançasse sucesso nos sonhos que abraçariam na vida.
Na autobiografia as etapas da vida de Horocídio como produtor rural e comerciante, vividos até os 43 anos em Buriti, são linearmente narradas. A de trabalhador rural (até os 22 anos) e a de comerciante, quando então inicia suas atividades comerciais organizando empreendimentos de vendas em povoados como Riacho Grande, Monte Lino, Barro Branco e em Buriti, nos levando a conhecer certos modos culturais das décadas de 20, 30 e 40 do século XX em relação ao namoro, lavouras de vazantes no rio Parnaíba e às relações comerciais entre chapadeiros e vazanteiros da região, constituindo a meu ver um dos momentos mais interessantes de seu livro. Neste ambiente rural que não oferecia oportunidades para uma educação formal, Horocídio Marques aprendeu o básico de alfabetização, continuando sua formação e busca de saber como autodidata, lendo sempre, se esmerando por conta própria. No  caminhar de sua vida ele se casa com uma moça distinta e com a vinda dos primeiros filhos começa com a mulher planejar uma vida digna para os mesmos.
Assim, quando cinco de seus filhos já possuíam idade para começar o ensino formal, do Barro Branco se mudaram para sede do município. No Buriti, além do comércio, sendo homem de bom convívio social, acabou se enveredando na política, tendo exercido cargo de vereador em 1948-1952. Era época da implantação da oligarquia de Vitorino Freire, onde o coronelismo na política era ordem reinante. Horocídio narra duras perseguições e prisões arbitrárias contra quem ousasse se opor, tendo conivência de certos conterrâneos, cujos nomes são omitidos pelo autor.  
A terceira etapa da vida dele, ocorrida em 1958, quando nomeado Coletor da Fazenda Estadual, exercendo inicialmente em Buriti, depois nas cidades de Vitória do Mearim, São Luís, Zé Doca, Bom Jardim e Santa Inês, atividade exercida até aposenta-se no final da  década de 1970.
De trabalhador rural, aposenta-se como funcionário do Estado, atingindo o último nível na carreira de Coletor de Rendas. Seus noves filhos, no qual desejou inicialmente propiciar pelos “menos o ginásio”, todos tiveram formação superior, comemorado em vida por Horocídio Marques e sua mulher Mariana Ferreira com júbilo e louvor, tornando a história pessoal e familiar desse casal, uma das mais exemplares de Buriti, pelo qual temos a felicidade de conhecer folheando sua obra, tendo leitura agradável. 
Conclui-se ao ler a autobiografia que seu autor foi um homem sensato, prudente e que as lutas travadas em vida, com seus altos e baixos, fizeram com que não somente os seus objetivos pessoais/familiares fossem metas lutadas e alcançadas além do planejamento, mas o tornou, acima de tudo, um homem temente a Deus, feliz, bem aventurado.
SOBRE O AUTOR

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