É a segunda vez que o país registra mais de 3 mil mortes; cidades enfrentam dificuldades para conseguir medicamentos.
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Coveiros vestindo roupas de proteção se preparam para enterrar no cemitério Parque Taruma, em Manaus. (Foto: Bruno Kelly/Reuters) |
O boletim desta sexta-feira 26/3 do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) informa o registro de 3.650 novas vítimas da covid-19 no Brasil em um período de 24 horas, o equivalente a quase três mortes por minuto.
É
o recorde de mortes registradas no período equivalente a um dia de todo o histórico do surto. Contudo, o recorde foi batido
sem contar com os dados do Ceará, que não repassou as informações a tempo para
o fechamento do balanço com os dados completos do país.
Foi
a segunda vez desde o início da pandemia, em março de 2020, que o Brasil
registra mais de 3 mil óbitos causados pela doença em 24 horas. A primeira foi
em 17 de março, com 3.149 notificações.
Com
os números de hoje, o Brasil chega a 307.112 mil mortos, de acordo com dados
oficiais, sem contar com ampla subnotificação, reconhecida pelas autoridades
sanitárias até do próprio governo.
Em
relação ao número de novos infectados, o Conass informa o recebimento de 84.254
registros pelos estados, totalizando 12.404.414 casos. Na última quinta-feira 25,
o Brasil bateu o recorde de registros em novos casos em um só dia, com 100.736
ocorrências.
Os
dados da covid-19 desta sexta (26) confirmam que pandemia no país segue em
total descontrole. É o pior momento do surto de covid no Brasil e
epidemiologistas afirmam que a tendência é de agravamento.
Atualmente,
mais de 25% das mortes por covid-19 no mundo ocorrem em solo brasileiro. Desde
o dia 9 de março, o Brasil é o epicentro do vírus no mundo, com o maior média
diária de vítimas da infecção respiratória.
Sem
medicamentos
Enquanto
isso, a situação da saúde pública é de colapso por todas as regiões do país.
Apenas Amazonas e Roraima não estão com filas de leitos de UTIs. Mesmo com
capacidade ampliada, a rede hospitalar do Brasil não comporta a demanda
elevada, já que a crise sanitária provocada pelo novo coronavírus está em
patamar inédito na história.
Além
de leitos e pessoal, faltam medicamentos. De acordo com a Confederação Nacional
de Prefeitos, em levantamento divulgado também nesta sexta (26), 1.316
municípios estão no limite de medicamentos necessários para intubação.
Isso
significa que 23% das cidades do Brasil, além de não possuírem mais UTIs
suficientes para atender os pacientes com covid, também podem ser obrigados a
suspender os tratamentos pela falta de medicamentos.
Medicamentos
para dois dias
Enquanto cidades
e hospitais correm para conseguir até mesmo anestésicos, o governo do
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dificulta o acesso e não garante o
fornecimento dos medicamentos para intubação. O relato é do secretário da Saúde
de São Paulo, Dr. Jean Gorinchteyn.
“Cidades
não tiveram as mesmas possibilidades de aquisição desses medicamentos, porque o
Ministério da Saúde os requisitou dos estados e das empresas produtoras e isso
ficou indisponível para a distribuição. O que foi enviado pelo Ministério da
Saúde hoje dá para dois dias”, alertou.
Com
isso, o governo federal, que não centraliza as decisões de combate à covid no
Brasil desde o início do surto, agora impede também a organização pelos
estados, a exemplo de São Paulo.
“O
que fizemos ao longo dessa semana, principalmente entendendo uma demanda maior
do estado: antecipamos compras. Fizemos compra emergencial e atingimos um certo
nível de conforto em relação ao que se vê nas redes municipais, mas não temos
mais”,
completou o secretário.
O
relato foi confirmado pelo vice-governador, Rodrigo Garcia. “Uma Santa Casa
no interior tinha conseguido fazer uma compra de medicamentos do kit para
intubação, mas logo em seguida veio a requisição federal e eles perderam esses
medicamentos. A falta de coordenação nacional tem cobrado um preço alto do
Brasil”, contou, sem detalhar o município.
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