
Bacharelado
em Direito pela Universidade Federal do Maranhão no dia 27 de novembro de 1977,
recebi a minha primeira CARTEIRA DE IDENTIDADE DE ADVOGADO n° 2172, no dia 10
de fevereiro de 1978, das mãos do Saudoso Professor de Processo Civil, José de
Ribamar Cunha Oliveira que, com um sorriso amistoso, desejou-me sucesso na
árdua tarefa de lutar pela glória do Direito e da Justiça, hoje tão
vilipendiados por maus profissionais operadores do Direito no meio forense,
seja no Judiciário, no Ministério Público e na própria Ordem dos Advogados do
Brasil nos níveis Estadual e Federal, do Juiz de base à Suprema Corte
brasileira com uma composição e atuação atual totalmente fora da Lei.
Ressalto
sim, com muito respeito as raríssimas exceções ainda existentes, como uma
fresta de luz trazendo uma diminuta esperança de recuperação.
Advogado
de fresco, como dizia o meu inesquecível brincalhão e sério Juiz conterrâneo e
amigo/Irmão Edgar Alves de Carvalho, montei o meu primeiro Escritório na Rua
Godofredo Viana, centro de São Luís, onde comecei o meu Caminhar advocatício e
graças ao nosso DEUS de bondade e de Justiça, afirmo agradecido, que iniciei
bem, mesmo enfrentado dificuldades. Consegui uma razoável clientela, na capital
e no Interior, tendo mantido as despesas do escritório e da minha Família, num
padrão de dignidade econômica e financeira.
Havia,
no entanto, insatisfações por parte da minha consorte em relação às viagens
mensais para comparecimento às audiências nas Comarcas do interior, até que
numa terça-feira de maio de 1981, passando pela querida Praça João Lisboa, uma
manchete do Jornal O Imparcial chamou a minha atenção: Concurso para DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL no
MARANHÃO.
Parei
na banca de Revistas e Jornais, li todo o texto da matéria, observei a
compensação salarial, CENTO E DEZ MIL CRUZEIROS e reli tudo, porque era quase
inacreditável, um emprego público estadual via concurso exatamente naquele
momento em que eu estava necessitando conciliar trabalho e família, seria a
solução mais viável.
Comprei
uma edição do mencionado jornal, outra do Jornal Pequeno e retornei ao
escritório.
Depois
de ler devagar as duas reportagens, parei para meditar e ao fim decidi submeter-me
ao concurso, para tanto providenciei imediatamente a documentação necessária,
inscrevi-me e comecei a estudar as matérias atinentes ao Concurso, embora NUNCA
antes eu tivesse sequer pensado em ser um Delegado de Polícia Civil, pois a
minha meta desde garoto era ser Advogado.
Concurso
realizado e o meu nome apareceu na relação dos classificados para prosseguir
participando das etapas seguintes, aptidão física e mental e o Curso de
Formação na Escola de Polícia Civil do Maranhão, depois transformada em
ACADEMIA DE POLÍCIA CIVIL - ACADEPOL/MA.
Finalmente
concluído o Curso de Formação, Orador Oficial dos Formandos por bondade deles,
e em sequência a nomeação, posse e exercício, que trouxeram a alegria dessa
VITÓRIA, um pouco nublada, por ter de pedir a suspensão da inscrição na OAB e
consequentemente também do exercício da profissão de Advogado, sonho tão
perseguido e alcançado.
Empossado
e já no exercício das funções do Cargo de Delegado de Polícia Civil de
Carreira, fui designado para atuar como Delegado Adjunto, no 2° Distrito
Policial no bairro do João Paulo, um teste valioso, no meu conceito, uma Escola
Prática onde se vivenciavam todos os casos policiais na generalidade, um espaço
para se aplicar todo o aprendizado adquirido na Academia.
Transferido
posteriormente ainda como adjunto, para a Delegacia Especializada de
Defraudações, outra grande experiência.
Inserido
na carreira e no meio da Família Policial Civil, passei a ter uma preocupação
que me incomodava muito. A falta de uma Entidade que congregasse a Classe dos
Delegados, um órgão de Representação que lutasse por eles e pelo Sistema como
um todo.
Descobri,
com Tristeza, que existia uma Associação dos Policiais Civis que congregava
todas as categorias policiais e ao procurar saber quem era o Presidente, uma
grande decepção, não era um Delegado, era um Agente de Polícia, e mais grave,
na minha concepção, diziam ser ele um Excelente Investigador, no entanto um
CORRUPTO conhecido de toda a população de São Luís e no meio policial.
Novato,
porém consciente de que a minha inconformação era Justa, provoquei alguns
colegas da minha Turma, Edma Pinheiro, Edimar Lima, Ilva Salazar, e outros dos
antigos, dentre eles os delegados Camilo Araújo, meu conterrâneo buritiense,
Aldir Texeira e Marilia Portela, para encetarmos um movimento com vistas a
criarmos a nossa ASSOCIAÇÃO. A minha ideia
foi aceita e daí em diante fomos em bloco buscar mais apoio. Aumentamos o grupo
e ao final, marcamos uma reunião visando a fundação da sonhada Entidade.
Elaboramos uma chapa, realizamos a eleição e
elegemos a primeira diretoria da Associação dos Delegados de Polícia Civil do
Maranhão - ADEPOL/MA, cujo primeiro Presidente foi o meu Amigo conterrâneo,
Camilo de Jesus Brito de Araújo, comigo Vice-Presidente.
Começamos
então a discutir assuntos de interesse das categorias policiais civis e do
Sistema de Segurança Pública em geral. Um ano depois, nova eleição e deram-me a
Honra e a Incumbência de Coordenar os trabalhos da ADEPOL na condição de seu
Presidente por dois anos, inicialmente.
Na
época governava o Maranhão Luís Alves Coelho Rocha, que se portava como um
caudilho e o Estado passava por um período de turbulências administrativa
graves, sendo os baixíssimos vencimentos dos servidores públicos, as péssimas
condições de trabalho e a arrogância do Chefe do Executivo, as principais
reclamações dos servidores do estado e do povo de um modo unânime, excetuados
os conhecidos serviçais do Rei ditador.
Reunidos em Assembleia Geral, decidirmos levar
ao conhecimento público as reais condições administrativas da SEGUP.
Dirigimos-nos
à Assembleia Legislativa, ao Tribunal de Justiça, à Procuradoria Geral de
Justiça e à ORDEM dos Advogados do Brasil Seccional do Maranhão onde, relatando
todo o caos, tudo isto após termos tentado dialogar com o Governo do Estado,
sem que o Chefe do Executivo se dispusesse a receber os representantes das
Categorias Policiais.
Decidimos
informar crise à população maranhense pelos meios de comunicação, imprensa
escrita, radiofônica e televisada. Foi o suficiente para provocar a cólera do
Governador, que sem argumentos legais, enveredou pela inverdade, nos acusando
de irresponsáveis e de indisciplinados, chegando ao absurdo de tentar jogar a
população contra todos os Delegados, dizendo nos noticiários locais, que
havíamos promovido a soltura de Criminosos de alta periculosidade para
amedrontar a sociedade.
Desmontamos
a farsa governamental com documentos comprobatórios da inverdade e ele apelou
para um Estatuto do Servidor Público, na época totalmente ditatorial,
determinando a minha Prisão Administrativa e de mais sete colegas Delegados e
de duas colegas Delegadas, pelo período de 20 dias em prisão comum, sendo
depois persuadido pelo Presidente da OAB/MA,
advogado Carlos Sebastião Silva Nina e assessores do próprio governo, a
nos deixar recolhidos na ACADEMIA DE POLICIA CIVIL, determinação cumprida pelo
Secretário de Segurança Pública, coronel
João Ribeiro da Silva Júnior, um atabalhoado e incompetente, enquanto CHEFE do
Sistema.
Começamos
então a cumprir a pesada, injusta e ilegal punição, sem sermos ouvidos em
Processo Administrativo.
O
governador, mesmo percebendo ter cometido um CRIME, consequência da sua insensatez
e irresponsabilidade, ainda assim, tentou mais uma jogada sórdida, mandando um
recado através de um seu capacho, um Coronel inativo da PM, para que nos
arrependêssemos e então seríamos perdoados e libertados no oitavo dia de
prisão.
Ao ouvir do mensageiro, a proposta indecorosa,
Gritei ao portador: Diga para o seu Dono, que esta oferta dele é para um
CANALHA do nível dele!
O
coronel reformado quis reagir, e o colega Aldir Teixeira se aproximou de mim e
apontando para todos os demais colegas disse: o doutor Djalma já falou por nós,
AQUÍ não têm nenhum Covarde, retire-se coronel!
Continuamos
no nosso calvário.
A
nossa atitude teve repercussão positiva no Brasil INTEIRO. A Associação dos
Delegados de Polícia Civil do Brasil, todas as Associações congêneres
estaduais, se juntaram à luta empreendida pela ADEPOL/MA tomando-a como EXEMPLO
para as corporações Policiais Civis brasileiras, o que foi uma COROAÇÃO para o
nosso movimento.
Durante
o nosso degredo, tivemos além do apoio e aplausos das nossas Famílias, de colegas
delegados e delegadas, da Comunidade
ludovicense, do Presidente da OAB já mencionado, do meu conterrâneo, amigo,
Irmão e Advogado Raimundo Ferreira Marques, que havia sido Secretário de
Segurança Pública, do Irmão e amigo Advogado Henrique, de vários irmãos da
Ordem Maçônica, que nos fortaleceram e nos ajudaram a atingirmos a VITÓRIA,
cujo apoio me marcaram para sempre e
ainda hoje eu Agradeço sensibilizado a todas essas pessoas.
Ao
final de 13 dias, o nosso Mandado de Segurança impetrado pelo advogado e Irmão
Carlos Nina, foi concedido com a determinação expressa para a retirada do
registro das penalidades administrativas das nossas fichas funcionais, por
absoluta falta de amparo legal e soltura imediata de todos nós.
O
nosso Movimento continuou, trazendo mais União para a nossa Categoria e muitas
vantagens no decorrer de toda a nossa Carreira.
Eu
continuei ascendendo funcionalmente, tendo exercido no âmbito da Secretaria de
Segurança todos os cargos de Comando, incluindo o de Secretário de Estado,
tendo concluído a Carreira Jurídica de Delegado de Polícia Civil de Carreira
sido aposentado na Classe Especial, última da Categoria, sem nenhuma mácula na
minha VIDA funcional.
Voltei
a integrar a OAB, com a Carteira de Identidade de Advogado n° 4.920, desta
feita, assinada pelo Presidente da Seccional Maranhense, Advogado Raimundo
Ferreira Marques, aquele mesmo
conterrâneo, irmão e amigo, que faz parte da minha História.
Relembro,
cheio de ORGULHO e muito FELIZ, por encerrar mais este texto, envolvido com
pessoas do meu TORRÃO SAGRADO, comprovando o meu liame Inquebrantável jungido a
minha Terra, a minha Gente.
SOBRE O AUTOR
É buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti.
Linda trajetória Dr.Djalma!Parabéns!!
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