O Soldado ISAÚ,
da Polícia Militar do Maranhão, era o instrutor das Escolas de Buriti nos anos
de 1958/1959 e também o Delegado Chefe da Delegacia da nossa cidade, contando com
um único Assistente, o Guarda Municipal LIGA, filho de dona Maria Clemente,
irmão do Senhor Raimundo Clemente e do Pixuruca, nomeado pelo Prefeito, por
acordo tácito ou apalavrado, como se dizia naquele tempo. RAIMUNDO QUELEMENTE,
como era conhecido em LARANJEIRAS, Carranca, Espingarda, Mato Seco e demais
Povoados vizinhos, estava em litígio extrajudicial com o seu conterrâneo e
amigo TIÓFE, por causa de um Bebê Jumento nascido da Jumenta daquele em razão
do Jumento Pastor de QUELEMENTE ter emprenhado a Jumenta de TIÓFE.
Entendia
QUELEMENTE, que o filhote era dele, enquanto o seu amigo entendia o contrário,
isto é, sendo dono da Jumenta, por direito, também o Jumentinho lhe pertencia. O meu Pai, amigo dos dois tentou explicar que não havia justificativa para
estragarem uma AMIZADE antiga por uma bobagem, no entanto não conseguiu
convencer os dois, terminando por encaminhar o caso para a Delegacia, alertando
que se comportassem como gente de bem. Deu - lhes um bilhete para que
apresentassem ao Delegado ISAÚ e eles foram para Buriti, cada um entendendo
estar correto em relação ao caso.
Chegando à Delegacia, QUELEMENTE, entregou o bilhete ao Delegado, que os
recebeu educadamente. O Soldado ISAÚ era realmente muito cordial com todos,
embora enérgico, como instrutor e como autoridade policial temporária. Passou a
ouvir a história de cada um, começando pelo senhor TIÓFE, que fez as suas
colocações, explicando que eram amigos e que jamais pensou que pudessem se
transformar em inimigos. Em seguida pediu que o QUELEMENTE se manifestasse, com
calma. Este iniciou dizendo que não queria
brigar, mas afirmando que Côni Tá In Jógu u QUÉ Mêú, Ríruu Bíxuuu, I ÊXEE
JUMÈNTU É MÊÚ, DELEGÁDUUU!
O DELEGADO ISAÚ, fez algumas ponderações, tentando acalmar os ânimos do QUELEMENTE, dizendo que a questão genética no caso não tinha reflexo no Direito, pois não se tratava de pessoas humanas e sim de um caso envolvendo animais irracionais que não tinham responsabilidades pelos seus atos. Foi o suficiente para que o QUELEMENTE elevasse mais o tom do seu discurso. Se levantou da cadeira e de pé disse o seguinte: Porrêu Rô Fazêê Ún-a IMPÓRICA PÚ SIN- Ô DELEGÁDU, RÂMU FARRÊ DI CONTÁ QUÍ Ú SIN- Ô ÉR ÚN- A JUMENTÁ I ÊÚ SÔ ÚM JIMÊNTUU! ÊÚ LHÍ IMPRÊN-Ú. DI QUÊM É JUMÊNTU, É MÊÚ Ô NUM ÉÉÉ?
O DELEGADO ISAÚ,
um mulato, ficou PRETOOOO, deu uma tossidaaa, perdeu a calmaaa e também ficou
de pé e GRITOU: É da Tua MÃE, seu PATIFEEEEE, e antes que ele continuasse,
QUELEMENTE o interrompeu berrando: ÊEEEU NUN DISSE, SI É DA MIN- A MAN- E, É
MÊEEEU, GAN- ÊEEI A QUEXTAN-U! O DELEGADO ISAÚ, ordenou ao Guarda LIGA que
prendesse o QUELEMENTE e assim foi feito. Passados trinta minutos, o Delegado
foi ao xadrez onde estava o QUELEMENTE e mansamente perguntou a ele: de Queeeem
éééé ooo Jumentoooo? Ele respondeu também muitooo calmo: ÉR DU mêêu AMÍGUUU
TIÓFEEE, SÊÊUU DELEGÁDUUUUUU!
ISAÚ chamou
novamente o Guarda LIGA e mandou libertar o QUELEMENTE, que livre se dirigiu ao
seu amigo TIÓFE e depois foram vistos tomando um quarteirão de Conhaque São
João da Barra no Boteco do ZEMUNDICO no Mercado Público de Buriti e logo em
seguida retornaram para as suas casas em Laranjeiras.
SOLDADO ISAÚ, eu
o Homenageio com o Título de UM INSTRUTOR E DELEGADO ESPECIAL DE BURITI. RAIMUNDO QUELEMENTE, meu conterrâneo e amigo, eu o Distingo com o Título de
AUTOR DA HIPÓTESE MAIS ENGRAÇADA DA HISTÓRIA POLICIAL DE BURITI!
SOBRE O AUTOR
É
buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho
Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica
Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense,
bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na
OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação
de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia
Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da
Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza,
principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor
destes, inclusive na Comarca de Buriti.
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