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Coluna MEMÓRIAS E VIVÊNCIAS - ARBITRAGEM NOS CAMPOS DA VIDA

ARBITRAGEM NOS CAMPOS DA VIDA

*Por Francisco Carlos Machado

Quando criança joguei muito futebol com os amigos da minha geração infantil. Depois dos 10 anos, vivendo a experiência de conversão ao protestantismo em uma Igreja tradicionalmente pentecostal, cheia de dogmas de usos e costumes, eu deixei de jogar futebol, pois essa Igreja era contra o jogo. Os pastores e demais irmão doutrinadores, categóricos, afirmavam que jogar bola era coisa do mundo, uma invenção do diabo. Logo, eu, que não queria mais pertencer ao mundo e nem praticar algo vindo da mente do diabo, convicto deixei de jogar futebol, como nem assisti qualquer partida, até mesmo a seleção brasileira nas copas do mundo. Além desses motivos, se o pastor soubesse que qualquer de suas ovelhas jogou bola, em pleno culto, em público diante das outras ovelhas, você poderia ser chamado atenção ou disciplinado, ou seja, impedido de participar da Ceia em Memória de Cristo; proibido de cantar no vocal dominical e outros irmãos radicais, deixavam de falar com você, não lhe saudando com “a paz do Senhor”.

Eu, nunca fui disciplinado por jogar futebol. Acreditava mesmo que era coisa diabólica, assim me mantinha longe. Entretanto, à medida que fui crescendo, estudando a Bíblia; as teologias protestantes e suas diversas cosmovisões e facções eclesiásticas, me libertei da enganosa e danosa mentira que futebol é coisa do mundo e do príncipe das trevas. Na copa do mundo de 1994, ao ver o evangélico e goleiro Tavareu ficar de joelhos e erguer os dois dedos indicadores para os altos, em ação de graça ao mesmo Deus meu, após defender o pênalti que consagrou o Brasil Tetracampeão Mundial de Futebol, àquele ato não somente se tornou histórico, como foi uma bolada dentro da trave do meu preconceito e crença que se opunha ao futebol, começando assim uma mudança de pensamento em mim. Hoje, e já há muitos anos, futebol para mim é uma das coisas mais bonitas da cultura esportiva brasileira. Um esporte saudável que uni as pessoas; nos dar identidade como nação e faz muito bem ao corpo físico. Todavia, devido anos sem jogar, eu desaprendi os passos, e em algumas poucas vezes que joguei, nestes mais de vintes e cinco anos livre da mentira religiosa e enganosa sobre o futebol, fui um fiasco no campo. Assim, eu gosto mais de assistir, principalmente, nas Copas do Mundo.

A vida, cujo o bonito são os momentos, nos presenteiam com tantos emocionantes e legais, sendo valioso narra – lós.

Dito, estando eu começo da noite de quarta – feira, mentalmente apreensivo para concluir uma defesa escrita para o juízo da Comarca de Coelho Neto, saindo de dentro de casa, na avenida central de Duque Bacelar, observo alguns amigos vestidos de ternos, outros socialmente bem vestidos, defronte o Auditório da Secretária Municipal de Educação. Curioso, caminhei os 30 metros que me separava dos conterrâneos, indagando ao Carlos Anselmo Mesquita, que evento era esse que os faziam está todos de ternos?

– “1º Pré – Temporada 2022 de Arbitragem e Assistentes de Futebol de Duque Bacelar”, me informou Anselmo.

- Meu irmão, faço outra pergunta a Anselmo: - “O que significa arbitragem mesmo em futebol?”.

- Como eu não jogo, pouco sei sobre. Então, Anselmo muito educado, bem elegante em seu terno, me convidou para participar do evento, assim entenderia melhor. Aceitei. Fui em casa, molhei os cabelos, vesti calça e camisa social, calçando também um sapato, se fazendo presente no 1º do gênero da minha cidade. Gosto de participar dos eventos pioneiros do Garapa. Logo, já estava bem à vontade, mesmo sendo o último convidado, e mais, estava era feliz, no observar a bela organização, a elegância de todos, em saber que os palestrantes eram todos jovens da cidade, técnicos em sua área: Carlos Anselmo ( Técnico em Arbitragem, com grande currículo na área); Neto Bispo ( articulador do vôlei na cidade e acadêmico de Educação Física) e Rosaina Borges ( psicóloga que atua na Saúde local).

A ouvir Neto Bispo, como palestrante, muito me alegrei, pois sempre acreditei em seu potencial. Anselmo também é um ótimo comunicador e a psicóloga Rosaina Borges, ao discutir sobre a Saúde emocional dos Jogadores, com uma palestra participativa, deu-me oportunidade que não planejava de jeito nenhum está em tal momento discutindo arbitragem, que eu nem sabia o que era no futebol ( é o juiz, disseram), pois, confidenciei, “ desde os dez anos eu não jogava mais futebol, devido a Igreja pentecostal que frequentava ensinava quem jogasse iria para o fogo do inferno. Era pecado a pelada. Todos os presentes riram! Com razão. É cômico mesmo. Ser condenado ao inferno por jogar futebol!

Em dado momento da palestra de Rosaina, contei quer o que me ajudou superar a ansiedade nas coisas empreendidas no dia a dia foram duas máximas: “ O que será, será” e “ Estejamos dispostos a viver não a vida que planejamos, mas a vida que nos espera”; afirmando que quando não tenho mais controle de algumas situações, deixo a Vida e o Arbitro Maior dela tomar a decisão, controlar tudo, evitando que eu me desespere.

Rosaina gostou, e acredito todos os presentes, dessa fala, pois a mesma a usou duas vezes no continuar de sua palestra sobre a ansiedade nos campos de futebol. Algo, que jogo no campo da vida. Não tenho controle dela. Aceito um jogo vitorioso, como perder outro. Aceito com maturidade as vitorias e as perdas dos campos verdes do futebol da seleção brasileira ( lembrei dos 7X1 da Alemanha em 2014), como dos campos da vida, onde já paguei por tantas faltas; recebi cartões amarelos, alguns vermelhos e levantei medalhas e taças de vitórias. Sim, nos campos de futebol e da vida precisamos de bons árbitros, aceitando suas decisões.

SOBRE O AUTOR- 

Francisco Carlos Machado - Escritor, poeta, professor, titular da cadeira nº 20 da Academia Buritiense de Artes Letras e Ciências (ABALC).

Comentários

  1. Em Buriti, nós tivemos dois grandes árbitros, irmãos, por sinal: Marconi César Coelho e José Hernandes Wright. E no VAR, Maspinho Romualdo Arppi Filho.

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