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Coluna SEXTA DE NARRATIVAS – CHICO PÉ DE VENTO, UM BENZEDOR CARIDOSO

FRANCISCO DA CRUZ, assim chamado por ser oriundo do povoado Santa Cruz, morava na rua próxima ao Riacho do Morro, logo após a casa do comerciante Raimundo Clemente. Era um Negro retinto legítimo, na época em que se podia carinhosamente chamar de Nêgo Véi, meu Nêgo, ou meu Preto sem significar ofensa ou crime de racismo. Era um Rezador/Benzedor querido e acreditado na comunidade buritiense, inclusive pela classe considerada Rica ou da compenetrada Primeira.

Rezava e respingava água pura que usava de uma garrafinha ou copo de vidro, com galhos de vassourinha na parte afetada do doente. Curava de MAU- OLHADO, enxaqueca, dor de Intruzidade - na costa ou no quadril, no tórax - irisipela ou vermelha, dordolho e quebranto. Andava sempre com um cofo de palha de pindoba de babaçu dependurado num cabo de vassoura sobre o seu ombro direito no qual depositava o que recebia por doação voluntária pelas suas rezas. O apelido CHICO PÉ DE VENTO, surgiu em razão de ele, mesmo idoso, ser encontrado diariamente em toda a cidade de Buriti, naquela época bem menor do que hoje. Na minha família, os meus pais, os meus avós e os meus tios e tias, professantes contritos da Fé Católica, todos acreditavam na Força de cura do Rezador Chico Pé de Vento.

Apesar de só fazer o bem e de todo o respeito que inspirava a todos na sociedade buritiense de então, ele era temido pelas crianças de tenra idade.
Quando uma criança não queria se alimentar ou praticava algum ato ou gesto de rebeldia era logo ameaçada: olhaaaa, que vou te entregar para o Chico Pé de Vento te comer ou te levar pra ele. E assim, aquelas crianças amedrontadas, ao virem a chegada do caridoso Benzedor, se escondiam ou corriam, como se estivessem sendo ameaçadas ou perseguidas por ele, uma maldade e erro dos pais e às vezes de irmãos de maior idade, pois ao contrário o nosso Bondoso Rezador era incapaz de sequer assustar alguém.

Eu e os meus irmãos e primos recebemos os cuidados e a cura através das rezas desse benfeitor e parte da história cultural e de fé Cristã buritiense, quando fomos vitimados de uma enfermidade conhecida pela designação de Dordolho - vermelhidão e lacrimejamento nos olhos - pois depois de recebermos o seu tratamento, coincidência ou não, fomos curados. Meu conterrâneo FRANCISCO DA CRUZ, por toda a sua contribuição com a fé e a cura da nossa gente, sendo segundo acredito, um instrumento do Senhor DEUS dos Cristãos, eu o homenageio agradecido, com o Título Post Mortem de O BURITIENSE CHICO PÉ DE VENTO, UM BENZEDOR CARIDOSO.
SOBRE O AUTOR
É buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti. 

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