A minha segunda viagem para São Luís, capital do Maranhão ocorreu em julho de 1963, retornando das férias do meio do ano com cinco dias de antecedências, pois na época não havia transporte regular de passageiros em Buriti, decorrente da precariedade das estradas, melhor dizendo, dos caminhos para a circulação de ônibus ou expressos como se chamavam os transportes específicos de passageiros que só existiam a partir da cidade de Itapecuru Mirim. Era o dia 27 de julho e eu com o meu irmão Wilson, minha prima Maria de Jesus, que tratávamos por ZUZU, fomos esperar na madrugada daquele dia, na Casa de dona Raimunda Quirino no povoado Espingarda, o Caminhão Ford Roquette do seu Yoyô Faria dirigido pelo Motorista e meu amigo Lautenaide. Minha tia Arinda, com o seu esposo Arlindo Castro e Terezinha, nossa irmã de criação e outros passageiros, embarcaram em Buriti, no mesmo Caminhão carregado de sacos de Babaçu com peso de cinquenta quilos cada um, cuja carrada era em média dois metros de altura a medir do tablado da carroceria, mas já era um conforto, comparado com uma viagem num Cavalo, Burro ou Jumento com uma carga de jacás.
Orientados pelo meu amigo Lautenaide, aliás amigo da nossa família, nos alojamos com as nossas bagagens, incluindo a lata de frito, comum a todos os passageiros, a maioria estudantes e seguimos pelo caminho que nos levaria à capital, e a primeira cidade a ser alcançada era Chapadinha. Viagem tranquila, embora ainda noite sem lua, até que ao chegarmos no povoado Conceição dos Onésimos, ao passarmos sobre um trecho incerto, o Caminhão sacolejou e eu que ia segurando também a prima ZUZU, que sofria enjoos em viagem de carro, com o impacto soltei a corda na qual me apoiava e cai, graças a DEUS, sobre a folhagem de uma pequena árvore na beira da estrada. Todos gritaram, o Djalma CAIUUU!!! Lautenaide muito ágil chegou primeiro onde eu estava já de pé e sem ferimentos. Me pôs no ombro e tranquilizou os demais dizendo: o CABRAAAA é MACHOOOOO, fez foi PULAAAAR! Em seguida, ajudou-me a subir novamente no caminhão e reforçou a corda na qual eu me apoiava e deu sequência à viagem sempre com a preocupação em cada parada, para saber se eu estava bem.
Chegamos na Pensão Pombinha, no povoado Leite por volta das treze horas, onde almoçamos e bebemos água e guaraná gelados em geladeira a querosene, uma maravilha de luxo. Em seguida a viagem continuou e finalmente alcançamos a estrada asfaltada, onde a velocidade era maior e mais segura do jeito que Lautenaide gostava, e brincalhão, dizia sorrindo, que Vitamina de Chevrolet era Poeira de Roquett. Chegamos em São Luís exatamente às dezoito horas sem mais problemas e ele nos deixou na casa da nossa tia Arinda, no Bairro João Paulo, em frente ao Quartel do 24° Batalhão de Caçadores do Exército Brasileiro. Ao despedir-se de mim, Lautenaide fez questão de me abraçar sorrindo e novamente dizer: Você é dos meus, um CABRAAAA MACHOOOOO!
Depois dessa viagem, começaram a construir a estrada de Piçarra entre Chapadinha e Itapecuru Mirim. O Bizér é seu irmão passaram a fazer linha regular nos seus Ônibus de Madeira, com bancos para Sete passageiros e bagageiro no teto. Tudo melhorou em relação às viagens para a Ilha de Gonçalves Dias, também chamada de Ilha do AMOR. Muitas vezes reencontrei o meu amigo antes da sua partida para o Jardim Celestial, da qual só tive a notícia com muito atraso e uma dor profunda, pois ele foi um amigo inesquecível.
Hoje, lembrando dele com Saudade, eu rendo-lhe agradecido pela sua AMIZADE, a minha Homenagem sincera reconhecendo-o publicamente como LAUTENAIDE, MEU AMIGO MOTORISTA E SOCORRISTA LEIGO ESPECIAL!
SOBRE O AUTORÉ buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti.
gosto demais qd o senhor conta essas histórias do nosso povo.
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