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Coluna SEXTA DE NARRATIVAS – COMADRE CHICA PINICA, A DEZINQUIETADA



O ano era 1958 quando o senhor Alfredo e o senhor Jerônimo Pinica chegaram em Laranjeiras vindos do povoado Todos os Santos e pediram morada na nossa Terra ao meu Pai recebendo autorização imediata para construírem suas casas na aludida propriedade. Papai procurou saber os nomes deles e a família a que pertenciam ao Senhor Jerônimo que respondeu serem da família Pinica o que causou um breve sorriso de papai, seguido de mais uma pergunta, é Pinica ou Pinico? O Senhor Alfredo, também com ar de riso, foi quem novamente falou: nhôr não sô Raime(Jaime) é Pinica mêrmu.

Papai cedeu de imediato a casa do Alambique, que era bem grande, coberta de palhas de palmeira de babaçu, embora sem paredes, para que eles se alojassem com suas famílias até que construíssem suas próprias casas.F aziam parte da família do seu Jerônimo a dona Antonia Pinica, o Zé Pininica, e a Raimunda Pinica e a do seu Alfredo, a dona Cotinha Pinica, a Beija Pinica, o Antônio Pinica e o Abdia Pinica. Suas casas foram construídas em menos de uma semana, todas duas próximas da nossa casa, a do seu Alfredo no morro da estrada para Buriti e do seu Jerônimo depois do curral da nossa casa.

Como eles haviam chegado no mês de junho, tornei-me compadre de Fogueira da Chica Pinica, que era uma jovem de 17 anos já bulida na linguagem popular - desvirginada e mesmo não sendo bonita era atraente e em menos de um mês já era namorada do meu compadre Babá, o conquistador das desamparadas, uma fera nessa arte.

Viviam bem, no entanto, o meu compadre Babá não se contentava somente com uma namorada e a comadre Chica Pinica não estando satisfeita com essa situação, me procurou para reclamar dizendo que o Ormar - Osmar era o nome do Babá - tinha a DEZINQUETADO e estava CHAFURDANDO se dando com outra Muié e por isso queria que eu conversasse com ele para resolver a situação. Fiquei preocupado, pois os dois eram adultos e com mas experiências e hábitos que não me eram comuns.

Refleti um pouco e perguntei para ela : comadre Chica, você já chegou em LARANJEIRAS com uma filha e esta não é filha do compadre Babá, como é que foi ele quem a DEZINQUIETOU? Resolvam vocês dois esse problema, mas penso que a senhora não pode acusá-lo e se vocês gostam um do outro de verdade, porque brigarem? Ela ficou em silêncio por alguns segundos e disse: ê ixtu mêrmu né cumpádi, máiz fáli cum ele assim mêrmu!

Falei com o compadre Babá e ele além de me ouvir, se alinhou com a comadre Chica, e daquele dia até à morte dela, ela foi a Mulher AMADA dele, mesmo depois que compadre Babá casou-se com a dona Delourdes, uma senhora muito Calma e conformada com a infidelidade dele.

Meu compadre Babá, de quem já falei em outro texto, foi um ídolo dos seus irmãos, meus primos em Laranjeiras, meu e do meu irmão Wilson, um atirador, caçador exímio e excelente pescador que nos ensinou muitas coisas maravilhosas e hoje com os seus 84 anos ainda trabalhando na sua propriedade é um devotado defensor do Meio Ambiente em todas as suas vertentes, já viúvo, mas ainda tem um bondoso Coração que palpita forte quando alguém fala no nome da minha Comadre CHICA PINICA, A DEZINQUIETADA.


SOBRE O AUTOR

É buritiense, ardoroso amante da sua terra, deu seus primeiros passos no velho Grupo Escolar Antônia Faria, cursou o Ginásio Industrial na Escola Técnica Federal do Maranhão e Científico no Liceu piauiense e no Liceu maranhense, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito/UFMA, é advogado inscrito na OAB/MA, ativo, Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Curso de Formação de Magistrado pela Escola de Magistrados do Maranhão, Delegado de Polícia Civil, Classe Especial, aposentado, exerceu todos os cargos de comando da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, incluindo o de Secretário. Detesta injustiça de qualquer natureza, principalmente contra os pobres e oprimidos, com trabalho realizado em favor destes, inclusive na Comarca de Buriti.


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